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Opinião
11/04/2018 - 05h12
O amor nos tempos de cólera
Montserrat Martins
 

O título que melhor reflete os dias de hoje é esse, de um famoso livro colombiano sobre desencontros amorosos, que lembra o chavão “se a vida é a arte do encontro, porque tem tanto desencontro nela?”.

Nunca foi tão fácil se comunicar, do whatsapp à videochamada, ou com a popularização dos aviões para visitar alguém distante. Mas se a geografia ficou mais próxima, as distâncias emocionais aumentaram. Hoje tudo é passível de virar polêmica, tudo que você disser no facebook pode ser usado contra você.

As novas gerações não usam a hipocrisia e as formalidades que, décadas atrás, faziam as pessoas se conter de ofender às outras, em nome da boa educação. Agora a moda é se “libertar” dizendo explicitamente o “f...-se”, como se fosse um ato revolucionário de liberdade pessoal, contra as opiniões do resto do mundo.

Eu pessoalmente nunca gostei de formalismos ou hipocrisia, nunca imaginei que pudesse sentir falta disso. A realidade sem qualquer sutileza, grosseira como as letras de funk, tem me levado a repensar. Será que às vezes um pouco de falsidade não seria necessário, também, ou pelo menos uma certa discrição? Será que temos de jogar na cara dos outros, o tempo todo, as nossas implicâncias e mau humor? Será isso vantagem em relação àquela vidinha antiga em que se falava pelas costas, sem afrontar diretamente as pessoas que antipatizamos?

Hoje é praticamente impossível falar em política, ou até em futebol, numa forma de diálogo que acrescente algo, que alguém aprenda com o outro. Se o Lula deveria ou não ser preso é uma questão passional, do ame ou odeie, é muito raro qualquer conversa a respeito desprovida do mesmo fanatismo de um Gre-Nal.

Alguns estudiosos compreendem que o Brasil é uma “República Inacabada”, como diz Raymundo Faoro, na qual os bens públicos são tratados como se privados fossem. Essa é uma questão cultural, não político-partidária nem ideológica, pois como já se disse “a corrupção é ambidestra”, não é exclusiva da direita nem da esquerda. Se alguém disser que Lula se beneficiou de favores de empresas, tem razão, se alguém achar que não fez diferente de outros, também tem razão. Uma pena que o apartamento de FHC em Paris não foi investigado com o mesmo rigor, mas parece que o Temer não contará com a mesma negligência de investigações.

Há décadas víamos notícias de políticos presos na Europa ou no Japão, mas só agora quebramos esse tabu, com Cunha, Cabral, Gedel e agora Lula, embora o Aécio tenha tido mais “sorte”, até agora. O mesmo tabu foi quebrado sobre grandes empresários, principalmente com a Lava Jato.

Resta quebrar o tabu de falarmos sobre o país com civilidade, sem odiar quem fala de lados diferentes, da mesma realidade.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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