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Opinião
28/04/2018 - 08h15
Quando o dinheiro é chave de cadeia
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Ter um monte de dinheiro - algo parecido com o cofre do mítico Tio Patinhas - foi um desejo que, por décadas, povoou o imaginário dos milhares de leitores das estórias de Walt Disney. Ao contrário do ancião sovina, que guarda desde a primeira moeda ganha, todos queriam aquela fortuna para empreender e viver bem. O que os apreciadores dos quadrinhos e dos filmes do velho pato jamais imaginavam era a possibilidade de, tendo muito dinheiro vivo, sofrer dissabores e até poder ser preso, consequência cada dia mais comum, especialmente entre os políticos brasileiros.

O primeiro registro explícito de brasileiro punido por ter muito dinheiro é do ex-presidente Fernando Collor, que sofreu "impeachment" depois de adquirir um veículo com supostas sobras de campanha sem origem declarada e mantidas em contas bancárias registradas em nome de "laranjas". Depois vieram os políticos e assessores na constrangedora situação de levar dinheiro escondido na cueca, as grandes somas flagradas em aviões, ônibus e automóveis, as propinas pagas nos mensalões (o mineiro e o do PT) no petrolão e outros escândalos apurados na Lava Jato e outras operações. E, logicamente, as malas recheadas de notas que ultimamente vêm agitado o cenário político-administrativo nacional.

Com o passar dos anos, a posse do dinheiro tornou-se impraticável. O velho hábito de esconder as economias no colchão ou em qualquer lugar da casa ou do escritório foi suplantado pela inflação alta, somada à insegurança. As notas armazenadas empiricamente perdem o seu valor de compra ou podem ser roubadas. Hoje se utiliza o banco, e as transações financeiras são realizadas de forma segura, através de transferências ou cheques. Mas, para isso, os valores devem ter origem lícita. Resta, assim, a presunção de que dinheiro vivo é instrumento de bandido, porque pode ser fruto de corrupção ou de atividades criminosas.

Na medida em que a tecnologia se desenvolve, a arrecadação de tributos e o controle da produção tornam-se mais eficientes. O cruzamento de informações sobre pagadores e recebedores leva à descoberta ao controle das atividades econômicas e identificação das anormalidades e fraudes. Foi através de inconsistências em movimentações financeiras que os órgãos de controle e os investigadores descobriram a movimentação irregular de recursos para políticos custearem suas caras campanhas e, em certos casos, para o enriquecimento ilícito. Daí surgiram os indícios que levaram a Polícia Federal e o Ministério Público a identificar as contas astronômicas de campanha e o seu abastecimento através de licitações fraudadas por empreiteiras, cujos responsáveis hoje estão processados e ,alguns deles, presos.

O dinheiro, outrora fonte de poder, quando não tem fonte lícita, é a verdadeira chave de cadeia. E tem de continuar assim se quisermos, um dia, ter o país sustentável, justo e verdadeiramente desenvolvido.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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