Setenta e um militares das Forças Armadas – de sargento a general – se preparam para participar das eleições. Reunidos em Brasília, lançaram o movimento e pregam, entre outras coisas, seguir em frente buscando solução aos problemas nacionais, sem olhar pelo retrovisor ou defender o regime militar, hoje classificado como ditadura. Solidário ao presidenciável Jair Bolsonaro, egresso do Exército, que lidera as pesquisas eleitorais e sofre ataques de adversários, o grupo pretende eleger-se para a Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas Estaduais e até para o governo em 25 estados. A proposta é trazer para a política a cultura e os princípios adquiridos nos tempos de caserna. Independente de estarem com Bolsonaro, é importante que os militares, tanto os das Forças Armadas quanto das Polícias Militares estaduais, participem da política. No exercício profissional militar, todos passaram boa parte do tempo estudando e conhecendo os problemas nacionais e, com a bagagem adquirida, terão condições de propor projetos e participar da formulação das políticas de evolução da sociedade. Poderão, inclusive, fazer o contraponto para evitar que interesses subalternos continuem levando o país à bancarrota como ocorreu nas últimas décadas em que a atividade política foi distorcida a ponto de colocar o país em crise e transformar políticos em criminosos. A pluralidade é importante ao regime democrático, onde cada grupo com suas idéias pode fazer a sociedade evoluir. Trabalhando todos pelo desenvolvimento nacional, bem-estar do povo e por objetivos mais específicos como o combate à corrupção e a oportunidade igual para todos os cidadãos. Tudo sem extremismos nem rótulos ideológicos. Através do equilíbrio poderemos conseguir um Brasil sustentável e justo. Todos hão de admitir que o regime democrático brasileiro é uma formulação onde os militares tiveram participação destacada. A República foi proclamada por militares que, inúmeras vezes, garantiram a manutenção da democracia e evitaram que o país caísse em ditaduras. Tanto que vemos hoje grupos radicalizando e pregando a quebra institucional como solução às mazelas cultivadas ao longo da democracia pós-1985. Quebrar as instituições seria um perigo pois sabemos como isso começa, mas não conseguimos sequer supor os rumos que pode tomar. O ideal será que os militares, com a cultura do meio, participem do processo eleitoral e, entrando pela porta da frente, dêem suas contribuições para o aperfeiçoamento das instituições, combatendo os sofismas e o divisionismo das esquerdas que os demonizam, e lutando contra a corrupção que, infelizmente, acabou contaminando o nosso mais longo período democrático. É um longo trabalho de reconstrução política e social onde, se tiverem a oportunidade, poderão dar excelente contribuição. Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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