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Opinião
27/06/2018 - 08h00
O crucial desinteresse pelo magistério
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A existência de só 2,4% dos estudantes com o desejo de um dia se tornarem professores, constatada pelo levantamento da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) constitui um grande problema. Há 10 anos, 7,5% queriam dar aulas e antes disso o percentual era muito maior. O desinteresse, segundo a pesquisa, vem dos baixos salários e do pouco reconhecimento e importância social à carreira. Os professores são hoje os primeiros a aconselharem os alunos a buscar outras profissões. Isso forma um quadro sombrio para as próximas gerações, visto que o professor é fundamental no processo de aprendizagem de um povo e de sua atividade dependem os futuros integrantes de todas as demais profissões.

É preciso descobrir onde se rompeu o elo entre o professor do passado, que tinha energia e motivação para ensinar, e o atual, acuado por profundo sentimento de desvalorização, infeliz com seus salários, ameaçado por alunos cada dia mais violentos e, muitas vezes, explorado e iludido ideologicamente. Não é o caso de ser saudosista e buscar solução no passado, mas de olhar para a frente e tentar prospectar as formas de devolver a autoestima e as condições básicas para o exercício da nobre missão de ensinar. Compreender que sem professores capazes e atentos, fica mais difícil alcançar todas as demais áreas do conhecimento.

Acusa-se as sucessivas políticas de massificação do ensino como responsáveis pelo atual estado de coisas. Mas é bom lembrar também que, além disso, também se verificou a nefasta invasão político-ideológica das salas de aulas. O aluno, em vez de receber instruções para o seu desenvolvimento educacional, passou a ser doutrinado em maior ou menor proporção. Mais do que matérias do currículo, a clientela recebe conceitos políticos e sociais, e deu no que deu. Muitos professores de hoje já estudaram dentro desse quadro politizado que nem sempre se sustenta. E hoje vemos, inclusive, um movimento pregando a escola sem partido e grandes parcelas da comunidade escolar defendendo o contrário.

Com toda certeza, os responsáveis pela politização das escolas tinham boas intenções. Mas a prática aponta problemas. As autoridades governamentais, os parlamentares e os especialistas dos notórios centros de educação do país, despidos de suas ideologias, precisam por a mão na consciência e partir para a busca sincera do ponto de ruptura. Precisamos ter a escola de qualidade, que qualifique o aluno para o enfrentamento da vida. Aqueles que quiserem fazer política, ação sindical ou social, que o façam no devido lugar, mas respeitem o sagrado território escolar, mantendo-o como campo neutro, básico e comum a todas as tendências. Feito isso, talvez, voltem a autoestima dos professores e o interesse dos alunos em abraçar a profissão...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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