Ninguém definiu com mais propriedade e humor a necessidade da comunicação como fez o saudoso Chacrinha: - Quem não se comunica, se trumbica! Bingo! Não adianta a pessoa ser um erudito, um intelectual, um bambambã se não consegue se comunicar com os outros. Não, não estou dizendo que é necessário se vestir de palhaço, usar uma buzina e balançar a pança como fazia Chacrinha. Ele fazia isso porque interpretava um personagem, era a sua profissão. Mas desempenhava essa profissão a contento se comunicando com a massa. Na verdade, em qualquer profissão ou atividade que se exerça é preciso que se tenha um mínimo de capacidade de comunicação. Sem isso a pessoa se isola, azeda, vira vinagre, principalmente quando não possui uma gotinha sequer de humor. Vira um chato de galochas. Não se manca, quer ditar normas, impor sua vontade, convencer na base da amostração. Não dá certo. Às vezes até tenta, mas não conhece os ingredientes, não sabe o que é tempero, confunde as coisas e aí a comida fica sem gosto, meio azeda, difícil de engolir. Não, ninguém precisa de jeito nenhum abrir mão de suas idéias e de seus conhecimentos da alta cultura, mas humildade não arranca tampo, e humildade e humor são temperos básicos para se comunicar. Às vezes alguém é realmente um grande intelectual, técnico, cientista, além de cidadão sério, mas devido a certa arrogância, pretensão e intolerância, além da falta de jogo de cintura e um mínimo de humildade para com as pessoas, torna-se chato e mesmo forçando a barra, tentando várias receitas, a sopinha de letrinhas fica parecida com aquela de hospital, sem gosto, sem tempêro, sem uma pimentinha. Gilberto Gil, quando fez aquele sambão lindo, "Aquele Abraço" e homenageou o Velho Guerreiro, dizendo que ele buzinava a moça e balançava a pança e o xampu de Velho Guerreiro, inclusive dando um alô, alô Teresinha, estava homenageando também a alegria, ela é uma forma de comunicação. No mais, quem não se comunica, se trumbica. Inté.
|