Com mulheres preocupadas com sua beleza e saúde, praias extensas para exibir as pernas e tempo bom na maior parte do ano, o Brasil se tornou uma referência em tratamento de varizes, aquelas veias dilatadas e azuladas que causam incômodo estético, dores e inchaço. Saíram daqui, por exemplo, algumas das formas mais modernas de aplicação de laser e de cirurgia. E há diversos tipos de tratamento disponíveis.

O cirurgião vascular Kasuo Miyake (SP), Doutor em Cirurgia pela USP e diretor da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, analisa os principais procedimentos, seus prós e contras, e qual a melhor indicação para cada tipo de varizes. Ao iniciar seu tratamento, é bom se certificar de que o seu médico tenha título de especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

Tratamentos estéticos devem ser feitos com métodos seguros, que são vários. A experiência do especialista em cada técnica é o fator principal e, sendo comum aparecerem diferentes tamanhos e tipos de veias nas pernas, o melhor resultado sempre é obtido com a combinação de várias técnicas, lembra Miyake.

Escleroterapia: A técnica, a mais difundida entre os médicos, consiste em injeções com líquido esclerosante para secar os vasos doentes.

Prós: Quando aplicada por um cirurgião experiente, elimina até 80% dos vasinhos pequenos e de baixa pressão. É a técnica mais barata.

Contras: É dolorida e não seca veias de pressão maior ou veias mais grossas. Só é totalmente segura se a glicose for usada como líquido esclerosante. Outros líquidos podem causar úlceras, reações alérgicas e até mesmo choque anafilático.

Crioescleroterapia: Alia a escleroterapia a algum agente resfriador, para aumentar sua eficácia e diminuir a dor do paciente. Pode ser feita com o resfriamento da seringa com uma cápsula gelada ou com jatos de ar a -20 graus (o que resfria também a pele, aliviando a dor. Esse método foi desenvolvido no Brasil, por Kasuo Miyake).

Prós: é mais eficaz do que a escleroterapia simples e como reduz a sensibilidade do paciente, causa menos dor.

Contras: exige mais habilidade do médico para aplicar a injeção e o agente resfriador ao mesmo tempo.

Espuma: Técnica que vem sendo estudada pelo cirurgião vascular Walter Campos, do Hospital das Clínicas da USP. Consiste na aplicação uma espuma especial de líquido esclerosante dentro das veias. A técnica pode ser auxiliada por exames como o Doppler ou a utra-sonografia.

Prós: mais potente que a escleroterapia, trata veias maiores e é barata do que a cirurgia.

Contras: como pode deixar manchas na pele, é mais adequada para pessoas com problemas funcionais, que sofrem de inchaço e úlceras decorrentes de varizes e não têm preocupação estética. Mas o grande perigo é que a espuma pode atingir o sistema venoso profundo, coagulando-o. Há, portanto, um risco ainda não calculado de trombose venosa profunda (TVP), embolia pulmonar ou cerebral, além do risco de choque anafilático.

Cirurgia de varizes: O Brasil é o país mais avançado neste método, que se tornou bastante seguro graças a melhorias da técnica cirúrgica e ao grande avanço na anestesia. Adequada para a retirada de veias maiores ou veias matrizes, que alimentam vasinhos pequenos.

Prós: O resultado estético é muito bom. Se feita por um médico competente e experiente, os riscos de complicações são mínimos.

Contras: O procedimento exige anestesia e repouso no pós-operatório. Também há o risco de TVP e reações alérgicas.

Laser transdérmico: Há 30 anos, os aparelhos a laser queimavam a pele e deixavam manchas. Os aparelhos de hoje eliminaram este problema, já que emitem luz absorvida 30 vezes mais pelo sangue do que pela pele. Existe também a variante Cryo-laser, que utiliza jatos de ar congelado que reduzem a dor em 100% dos casos.

Prós: trata vasos de forma não-invasiva até em áreas mais delicadas, como a face. Nas pernas, se combinado com injeções de glicose e ar gelado, o tratamento elimina vasinhos e varizes de tamanho médio de maneira totalmente segura (já que só utiliza luz, ar congelado, e açúcar). Nos últimos três anos, Kasuo Miyake - pioneiro nesta combinação - relata que mais de 80% dos casos que antes eram tratados com cirurgia foram resolvidos na própria clínica. Em alguns casos, pode ser complementado por pequenas cirurgias com anestesia local, feitas na clínica, ao invés de no hospital, com anestesia peridural. Esta técnica tem feito sucesso em congressos internacionais, pois evita intervenções invasivas e medicamentos.

Contras: em casos simples é o método mais caro; porém, quando substitui cirurgias, acaba sendo mais barato.

Laser endovenoso: Método novo e ainda em desenvolvimento, que deve agregar muito ao tratamento cirúrgico de varizes. Já existem mais de cinco gerações de aparelhos. Está sendo testado no Brasil um que é robotizado, melhorando a precisão do laser.

Prós: capaz de tratar veias safenas sem produzir hematomas ou machucar nervos e linfáticos. Não há necessidade de repouso pós-operatório.

Contras: não é ideal para tratar veias muito tortuosas ou grossas e não tem um resultado estético tão garantido quanto o da cirurgia tradicional. A tendência é os dois métodos serem complementares um ao outro.