O roubo a banco diminuiu 45,6%, o latrocínio 33,5%, roubo de veículos 17,3%, roubo de carga 17,1%, roubo 15,1, homicídio doloso 10%, furto de veículo 6,3% e o furto em 3,1%. Lembremos que no roubo o ato é cometido com violência e o furto é às escondidas. A estatística, divulgada semana passada pela Secretaria da Segurança Pública, traz todas essas reduções, no período de janeiro a junho deste ano. Na outra ponta, os estupros aumentaram 15,7%. As reduções são atribuídas a esquemas operacionais e ferramentas, como o Serviço de Informação Criminal (Infocrim) e Registro Digital de Ocorrências (RDO), colocados em operação. Até o aumento dos estupros, um delito de difícil prevenção pois muitas vezes é consensual, também pode ser atribuído, pelo menos em parte, à melhora no sistema de apuração. O Banco de Perfís Genéticos, operante desde 2015, levou ao esclarecimento de crimes dessa natureza, antes classificados como de origem desconhecida. Houve o caso de um criminoso ser identificado em seis estupros e, logicamente, denunciados à Justiça. A sociedade brasileira evoluiu muito. Viemos de um país eminentemente agrícola até os anos 50 do século passado, para uma das dez economias do mundo que, afora o agronegócio, abriga tecnologia de todos os matizes. Isso movimentou populações e teve conseqüências boas e más. A segurança pública é o termômetro mais fiel dos problemas vividos pela população. Além de identificá-los, as polícias dispõem de pessoal preparado e ferramentas para mitigá-los. Os números de São Paulo nesse primeiro semestre merecem toda a atenção. Podem constituir ponto de apoio para novas e mais conclusivas ações rumo a reduções ainda maiores da criminalidade. Nunca se deve esquecer, no entanto, que o crime não é fruto de autogeração. Ele decorre de problemas sociais e estruturais. Ao mesmo tempo em que mantém e equipam as polícias, os governos precisam cumprir suas obrigações para com o cidadão e exigir deste a contrapartida para com o Estado para, dessa forma, chegar a uma convivência harmônica. Infelizmente, estamos vindo de um momento em que a demagogia política e ideológica formou uma geração condicionada a clamar por direitos e não afeita a cumprir deveres. Essa é uma das distorções que precisam ser corrigidas, da mesma forma que se combate a corrupção e outros males hoje identificados no seio da política e da administração pública. O ideal será o dia em que as ações policiais sejam desnecessárias numa sociedade em que todos façam questão de cumprir suas obrigações para fazer jus aos direitos. Parece utópico, mas nada impede que lutemos nessa direção. A Polícia Paulista está fazendo a sua parte... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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