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Crônicas
02/08/2018 - 07h45
Mistérios da vida 
Maria Cândida Vieira
 

Ontem, não muito tempo depois de enterrar a minha mãe, logo no café da manhã meu pai me deu a notícia da morte de uma prima, filha de uma irmã dele. Eu não devia me surpreender, pois ela vinha enfrentando um câncer bastante agressivo há uns cinco anos e racionalmente eu sabia que o caso dela não tinha mais esperança. Ainda assim, senti uma espécie de choque ao ver mais uma vez a morte invadindo sem cerimônias o meu cotidiano. Por que tal choque? Por ainda não ter me recuperado da morte de minha mãe e por constatar que a morte, que tenho visualizado nos últimos tempos como um ceifador que aparece sem a menor cerimônia, não esperou que eu estivesse preparada? E algum dia algum de nós estará?

Toda a certeza da minha mortalidade, as lembranças do que vivi há tão pouco tempo vieram à tona, fazendo com que a ferida ainda não fechada voltasse a sangrar. Pensei nos três filhos dela, cuja dor imensa eu conhecia tão bem; no marido, que sempre fora um bom companheiro e a acompanhara nos últimos anos, vendo-a sofrer, lutar e definhar até ser levada para os braços da eternidade e me pus a refletir sobre os mistérios da vida pelos quais estamos cercados: o fato de todos nós estarmos com os dias contados, ignorarmos o dia da nossa partida deste mundo, possuirmos tanto potencial para viver e não percebermos a grande chance que nos é dada de viver plenamente.

Mãe lutou um ano contra o câncer; minha prima, cinco. Quando mãe se foi, falaram que Deus não quisera que ela sofresse mais. Porém, será que tal afirmação é adequada? Por que muitos passam vários anos lutando contra essa terrível doença que maltrata impiedosamente a pessoa que sofre dela até a cura ou a morte?

Dizer que quem morre logo foi levado por Deus não dá a entender que quem está sofrendo de câncer há muito tempo não merece sofrer? Fica mesmo subentendido que a doença é um castigo dos céus.

Não adianta discutir tais mistérios. A nada nos levarão, a não ser a mais dúvidas.

Eu fui ao velório, admirei-me com a força e serenidade do viúvo e a união do pai e dos filhos diante da dor e pensei em como a gente, de tão acostumada a ter uma pessoa por perto, de repente se vê obrigado a seguir sem ela, a entender que ela não estará mais em casa amanhã, participando do nosso dia-a-dia. Enfim, a morte é um dos maiores mistérios da vida.

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