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Opinião
21/08/2018 - 05h48
A revolta de Pacaraima
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O confronto do final de semana em Pacaraima, na divisa do Brasil com a Venezuela, nada mais é do que o resultado da crônica de uma revolta anunciada. Venezuelanos em fuga da brutal crise que assola seu país, acabam por assaltar um comerciante da cidade fronteiriça e constituem a fagulha que faltava para a explosão da intolerância, incentivada entre outras coisas pela disputa política local. Os governos federal, estadual e municipais têm o dever de se coordenarem para enfrentar o problema de forma eficaz. Não pode Brasília ignorar os reclamos vindos diretamente da zona de conflito e nem os presentes ao teatro das operações exigirem mais do que lhes é cabível e possível. O entendimento é fundamental, acima de quaisquer diferenças de ordem política ou ideológica. Há que se pensar nos seres humanos - tanto venezuelanos quanto brasileiros - atingidos diretamente pelo problema fronteiriço, e nada mais.

O governo brasileiro opta pela neutralidade em relação ao venezuelano e até com ele mantém negócios - impressão de dinheiro da Venezuela pela Casa da Moeda brasileira, abastecimento de Roraima com eletricidade venezuelana etc. -, limitando sua atuação política a barrar a Venezuela no Mercosul. Os governos estadual e municipais de Roraima, que vivem de perto o problema dos refugiados, ressentem-se da ausência federal e querem mais recursos tanto financeiros quanto materiais. Agora ainda se verifica o perverso ingrediente político-eleitoral, que antagonizam Boa Vista e Brasília, mas não deve (pelo menos não deveria) interferir no trato e manejo da imigração humanitária.

Temos de compreender que, ao atravessar a fronteira, o cidadão venezuelano pobre vem ao Brasil buscar socorro para a sua miséria imediatíssima. Talvez nem pretenda fazer vida em território brasileiro, mas assim que puder retornar ao seu país, família e cultura. O programa de “interiorização”, que os espalha pelo território brasileiro, é duvidoso, principalmente se levar em consideração a existência de 13 milhões de brasileiros desempregados. Os venezuelanos, fatalmente, serão novas vítimas da crise econômica brasileira. Na atual situação, o Brasil não é a pátria acolhedora de que necessitam, embora possa e deva socorrê-los no imediato, até que possam voltar ao seu país.

Mais do que incluir os venezuelanos - ou quaisquer outros estrangeiros flagelados em seus países de origem - o Brasil, por sua diplomacia, tem o dever de atuar para que aquelas nações resolvam suas crises e possam repatriar dignamente seus cidadãos. Até porque, da forma que hoje ocorre a imigração venezuelana, aqueles homens e mulheres correm o sério risco de deixar de serem os miseráveis flagelados de lá para o serem aqui...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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