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Opinião
24/08/2018 - 06h20
A renúncia e a resistente corrupção
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

No sábado - 25 de agosto - faz 57 anos que o presidente Jânio Quadros renunciou, depois de governar o país por apenas 7 meses de um mandato previsto para durar cinco anos. Líder populista nascido no Mato Grosso do Sul (então Mato Grosso), fez quase toda sua carreira política em São Paulo, como vereador, deputado estadual, prefeito, governador, deputado federal pelo Paraná e presidente da República. O combate intransigente à corrupção, simbolizado pela vassoura, foi seu principal mote de campanha e materializou-se em propostas de severas mudanças econômicas sobre lucro, câmbio e reforma agrária. No exercício do governo, teve esquisitices para aquele tempo, como regulamentação do carteado, a proibição do biquini, das corridas de cavalo em dias úteis e do lança-perfume e briga-de-galo, estas duas últimas prevalecendo até hoje. No lugar de memorandos administrativos, governou por bilhetinhos enviados aos auxiliares. O reatamento de relações com a União Soviética e a China, somado à condecoração ao revolucionário cubano Ernesto Che Guevara, agitaram o país naqueles tempos de guerra fria. 

Depois de enviar o bilhete da renúncia ao Congresso logo após participar do desfile do Dia do Soldado, Jânio voou para São Paulo e permaneceu por 22 horas na base aérea de Cumbica, supostamente à espera da reação popular, que não ocorreu, apesar de ter sido eleito com expressivos 48% dos votos, num pleito de apenas um turno. Ficou célebre a sua afirmação de que renunciou em razão de “forças ocultas” que o impediam de governar. Jamais explicou que forças seriam estas. Especulou-se, na época, que o presidente esperava, com o apoio dos que o elegeram, retornar a Brasília, fechar o Congresso e se impor como ditador. 

Depois da renúncia, Jânio candidatou-se ao governo de São Paulo em 1963 mas perdeu para Adhemar de Barros, seu tradicional adversário politico. Em 1964 teve os direitos políticos cassados por dez anos e em 68 foi confinado por 120 dias em Corumbá, como castigo por ter criticado o governo militar. Em 1982, filiado ao PTB, concorreu novamente ao governo de São Paulo, sendo vencido por Franco Montoro. Finalmente, em 1985, na restauração das eleições nas capitais, fez-se prefeito paulistano, batendo Fernando Henrique Cardoso, então candidato do PMDB.

Jânio só decolou politicamente porque encontrou como base o terreno fértil da luta anticorrupção. Apesar das mudanças econômicas e de regime político, muitos outros ascenderam com a mesma bandeira. E, infelizmente, hoje vemos a classe política novamente mergulhada no assalto aos cofres públicos, na gestão oligárquica e nos maus costumes político-administrativos. Quase seis décadas se passaram da renúncia, e a política nacional patina na mesma lama. Seriam as “forças ocultas” que atrapalharam Jânio as mesmas que hoje travam os governos e pilotam as falcatruas que escandalizam a nação? Ao cidadão, grande prejudicado das atitudes ilícitas de governantes e ocupantes de postos eletivos, só resta uma alternativa. Votar naqueles que mais possam representar seus interesses. Deixar de votar ou votar em branco ou nulo, só pode favorecer os que já demonstraram não servir para o Brasil...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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