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Opinião
26/08/2018 - 06h53
Bolsonaro e os debates eleitorais
Rodrigo Augusto Prando
 

Segundo noticiado pelo portal UOL, Gustavo Bebianno, presidente em exercício do PSL, afirmou que Jair Bolsonaro não deverá mais participar de nenhum outro debate contra seus adversários. E, afirma, que a ausência dos próximos debates: “Não se trata nem de uma estratégia, se trata de uma constatação. Nós imaginávamos que, de alguma forma, esses debates pudessem acrescentar alguma coisa, mas são debates naqueles formatos antigos”. Realmente, o formato é o já consagrado: perguntas do mediador, da plateia, de jornalistas e confronto direto entre os candidatos. A questão aqui é: pode-se desprezar esse modelo? Creio que não.

Vivemos, neste pleito, uma campanha mais curta, com menos tempo de TV e também com menos recursos financeiros. Assim, já há dados que indicam que um alto índice do eleitorado aguardará a propaganda televisionada para decidir seu voto. Portanto, além da propaganda eleitoral, as entrevistas e sabatinas junto aos candidatos terão papel interessante. Numa propaganda, construída pelos marqueteiros e veiculadas nas TVs, rádios e redes sociais, temos um ambiente controlado, bem como um político já roteirizado, treinado à exaustão. Lembremos de Dilma dentro dos parâmetros definidos pelo marqueteiro e usando o teleprompter e Dilma discursando de improviso (basta passear no YouTube para encontrar as “pérolas” discursivas da ex-presidente).

Além da proteção existente nos programas gravados para TV e redes sociais, há, nos comícios, a militância que dá o tom de apoio ao candidato e se incube de afastar vozes opositoras. Quando participa de entrevistas e debates, especialmente ao vivo, o candidato não tem como escapar da imprevisibilidade, de ser confrontado diretamente e, com isso, pode, sim, apresentar suas fragilidades, incoerências, desconhecimento e traços de sua personalidade.

Numa conversa - há tempos - com um amigo da área de marketing, concordamos que uma boa estratégia para Bolsonaro seria não aceitar participar de nenhum debate, nenhum. E, desta forma, poderia, desde o início, afirmar que não se “juntaria à corja”, com “essa gente” e não contribuiria para a “palhaçada”. Isso teria um enorme grau de aderência ao seu posicionamento e ao seu discurso político. No entanto, Bolsonaro foi ao primeiro debate, na Band; e, depois, ao da Rede TV. No primeiro, nada de muito importante, foi um debate morno e regular para todos os candidatos. Mas, no da Rede TV, foi confrontado pelo jornalista Reinaldo Azevedo que, ao perguntar sobre um tema técnico, já embutiu: “ou isso não é da competência do Presidente da República?”. Bolsonaro se enrolou, não respondeu e apresentou platitudes. Depois, no confronto direto, chamou ao centro para questionar Marina Silva. Tomou uma resposta que não esperava, ficou atordoado e, no embate, saiu o capitão apequenado em relação à candidata, por muitos considerada frágil e pouco assertiva. Bolsonaro acusou o golpe. A equipe, embora faça a crítica ao modelo antigo dos debates, quer, sim, resguardar o seu candidato.

E, para finalizar, as projeções das pesquisas eleitorais apontam que no cenário sem Lula, Bolsonaro tem a liderança no primeiro turno, mas que, no segundo, só ganha de Haddad, perdendo para Alckmin, Ciro e Marina. É, por isso, o candidato dos sonhos destes três últimos. Ademais, a rejeição de Bolsonaro é a mais alta, permitindo, no segundo turno, o voto útil em seu adversário. Nada está definido, mas há as tendências que começam a se delinear mais claramente trazendo mais lógica a um cenário há pouco entendido como desbussolado.


Nota do Editor: Rodrigo Augusto Prando é cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É bacharel e licenciado em Ciências Sociais, mestre e doutor em Sociologia, pela Unesp/FCLAr.

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