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Opinião
02/09/2018 - 06h39
Passado, presente e futuro da nutrição
Denise de Augustinis Noronha Hernandez
 

Por ser a nutrição uma necessidade fisiológica natural de sobrevivência, os desafios que a cercam nunca foram ou são isolados. Eles exigem soluções em diferentes níveis, tais como social, biológico, científico, econômico e educacional. Passam ainda pelos aspectos político, tecnológico, jurídico e, principalmente, como trabalho profissional de nutrição no Brasil.

Para entender melhor a complexidade desses desafios, é preciso percorrer uma parte da história. Assim, é possível observar que, do início do século XX até a década de 40, devido principalmente às Grandes Guerras Mundiais, houve um avanço das pesquisas e invenções que embasaram o estudo da ciência da nutrição.

Porém, pelos mesmos motivos, agravaram-se os problemas sociais e econômicos, fazendo com que a desnutrição fosse a tônica de estudo nos países em desenvolvimento, exigindo novas políticas de saúde, de alimentação e igualmente no campo da nutrição.

Dentro desse contexto, surgiram os órgãos necessários para a execução de uma política de Alimentação e Nutrição. Como exemplo, cita-se o Serviço de Alimentação da Previdência (UNIRIO), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, através do decreto do Presidente da República em 1940.

A entidade tinha entre seus objetivos a prestação de assistência alimentar ao trabalhador e sua família, através de restaurantes populares; a execução de programas de Educação Alimentar mediante a divulgação de informações e orientações sobre alimentação racional; o desenvolvimento de atividades de pesquisa; a realização de inquéritos sobre consumo e hábitos alimentares; e a criação de cursos para formar recursos humanos especializados em alimentação e nutrição.

Naquela época, vale ressaltar, as pesquisas voltavam-se para doenças causadas por carências relacionadas à alimentação e aos hábitos alimentares da população brasileira, especialmente hipovitaminose A e anemia ferropriva. Naquele momento, o desafio era vencer tais doenças, bem como a desnutrição proteico-calórica.

Por incrível que pareça, passados quase 80 anos, os objetivos que fundamentaram a criação do órgão ainda seguem emergentes, com exceção do último.

Nos últimos anos, o avanço das mídias sociais e a incorporação dos avanços tecnológicos oriundos da indústria de alimentos provocaram a unificação ou uniformização dos hábitos e padrões alimentares, aliados a facilidade de acesso aos novos alimentos. Como consequência, houve a mudança da "cultura dietética" nacional, o que levou a alteração dos problemas nutricionais. Surgiu, assim, um novo paradoxo nutricional brasileiro. Passamos das doenças carenciais e da desnutrição proteico-calórica para outros graves problemas que, respeitadas as devidas proporções, também são reflexos da má alimentação. Entre esses males estão a obesidade, o sobrepeso e as doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e o câncer.

A internet passou a ser a ferramenta escolhida para propagar informações de diversos conteúdos, de maneira rápida para todo o mundo, como consta no estudo de Ferrari, de 2014. Porém, nem sempre essas informações têm cunho científico e podem produzir efeitos bem deletérios aos seguidores. O desafio que se segue, assim, é o de divulgar informações sobre alimentos com embasamento científico.

Nesse contexto, também é importante destacar a transformação no pensamento das pessoas no tocante à alimentação. No decorrer dos anos, houve transição demográfica, epidemiológica, urbana e nutricional.

Ano após ano, eleva-se a expectativa de vida. Se viveremos mais, precisamos nos cuidar melhor, o que nos faz, inclusive, mudar os hábitos alimentares. Altera-se, mais uma vez, o “paradoxo nutricional”.

As pessoas passaram a buscar mais qualidade de vida, preocupando-se principalmente com a alimentação. Paralelamente, surgiu o conceito da “saudabilidade”, uma nova tendência advinda da busca por alimentos, projetos e ações que aumentem a qualidade de vida. Esse conceito alavancou o mercado de alimentação ligado à saúde e ao bem-estar, que cresceu 98% no país de 2009 a 2014.

Nesse novo cenário, a atuação do nutricionista também sofreu alterações. Os novos paradigmas e os avanços da ciência da nutrição levaram a ampliação dos campos de atuação profissional, fato gerador de um crescente processo de especialização e da necessidade de uma melhor qualificação das habilidades e competências técnico-científicas. A atuação do nutricionista se baseia na relação homem – alimento, e exige hoje conhecimentos mais específicos e multifacetado, incluindo genômica nutricional, sustentabilidade, segurança e insegurança alimentar, além de gastronomia.

A mudança dos desafios e toda essa transformação na relação do homem e alimento fazem com que quem abrace a carreira de nutricionista a escolha por gostar do ser humano e gostar de ser humano. Afinal, esse é o único profissional capacitado para atuar na área de maior prazer do homem: a alimentação.

Quem escolhe essa área de atuação não pode esquecer que a alimentação é a mola propulsora do desenvolvimento da humanidade. E trabalhar com esse instrumento traz gratificação eterna.


Nota do Editor: Denise de Augustinis Noronha Hernandez é presidente do Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região SP/MS (CRN-3).

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