04/05/2024  15h10
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
05/09/2018 - 06h28
Museu Nacional, a tragédia como alerta
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

É muito difícil falar, e até raciocinar, sob o impacto de uma tragédia. O incêndio do Museu Nacional é uma grande perda para a cultura nacional e mundial e a mostra do desleixo com que o Brasil trata o seu patrimônio histórico, artístico e cultural. Infelizmente, pouco deve ter sobrado dos 20 milhões de peças e objetos ali reunidos ao longo de dois séculos. Hoje o país chora sobre o sinistro, inclusive autoridades e figuras que poderiam ter evitado o triste fim, mas não o fizeram. As promessas de providências desfilam sob o impacto do ocorrido e, como sempre, será difícil nelas acreditar no cumprimento dentro do um Estado inchado, perdulário e sem compromisso com sua história, que muitos tentam mudar ao mais deslavado sabor ideológico.

Independente do que vai se empreender em relação ao museu consumido pelas chamas, urge observar a existência de outros museus e de imóveis e empreendimento cujo valor histórico, artístico e cultural são oficialmente reconhecidos, ma não recebem os devidos cuidados e poderão ter destino análogo. Em São Paulo, o Museu do Ipiranga passa um extenso período de 9 anos fechado para reformas, o Museu da Palavra pegou fogo e centenas, talvez milhares, de prédios tombados por abrigar a história local, regional ou nacional, padecem por falta de investimento e política factível de manejo.

Apagado o fogo, o Museu Nacional certamente continuará vivo através dos registros de pesquisadores e pelos meios de comunicação sobre o material ali reunido. Por justiça, também deverão integrar o acervo, os muitos alertas constantes de matérias jornalísticas, ignorados pelas autoridades, quanto à sua conservação e segurança.

O país precisa encontrar meios de preservar e assegurar a integridade de instalações, acervos e documentação histórica. Criar políticas possíveis para a catalogação, guarda e segurança dos materiais, manutenção de prédios históricos e sua disponibilização para o conhecimento e valorização da população. Não podemos ter acervos como simples depósitos de coisas velhas, e prédios tombados apenas como ônus a seus proprietários impossibilitados de deles dispor livremente e sem condições de mantê-los como peças de contexto cultural. Em vez de programas de renúncia de receita para apoiar artistas que já são sucesso ou que não conseguem levar platéia a suas sofríveis apresentações ou, ainda, são figuras ideológicas, melhor seria que esses programas servissem para conservar e apoiar o permanentemente ameaçado e degradado patrimônio cultural.

Que o triste episódio do Museu Nacional sirva de alerta em relação aos demais empreendimentos culturais negligenciados em todo o território brasileiro. A União, os estados e os municípios possuem muitas instalações culturais e históricas problemáticas. Acautelem-se antes que tenham de lamentar sua perda e justificar o injustificável.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.