"Equipe da Petrobrás vistoria áreas em Ubatuba" (imprensa local na semana passada)

"Gás natural: Vice-Prefeito pede apoio dos deputados" (imprensa local desta semana)

"As palavras delicadas não são sinceras; as palavras sinceras não são delicadas" (anônimo)

Será que 90 km de praias, ilhas, cachoeiras, rios, Mata Atlântica, mangues navegáveis, infinita quantidade de pássaros lindíssimos, bromélias, orquídeas, ruínas históricas e luz, muita luz e tantas outras coisas que a imaginação pode descobrir, decifrar e desfrutar, não são suficientes para promover o desenvolvimento e a segurança econômica de Ubatuba?

Será que a transformação do canal de São Sebastião/Ilhabela em zona portuária de grande expressão econômica para o Estado de São Paulo e sua completa incompatibilidade com o desenvolvimento turístico local não são suficientes para anunciar aos nossos dirigentes o risco de igual destino para as terras de Yperoig, ao perseguirem de forma precipitada o direito de implantar aqui instalações que estruturam um novo perfil para o município?

Será que se a instalação da gigantesca base de gás (pelas poucas informações colhidas o equipamento previsto fará parte significativa da matriz energética do continente sul americano, da qual o gasoduto implantado pela Petrobrás, que sai da Bolívia e atravessa o Brasil, é apenas um dos ramais) não teria melhor resultado para a qualidade de vida da região se fosse plantada nas imensas e desocupadas planícies existentes ao fundo do município de Caraguatatuba, de vocação mais fortemente vinculada aos setores de administração e serviços?

Será que a instalação desse importante pólo econômico em Caraguatatuba não traria conseqüências benéficas para toda a região, preservando dessa forma o território de Ubatuba como o pólo turístico remanescente do Litoral Norte?

Será que implantando essa base aqui, em nada ajuda lá e mata o turismo cá?

As respostas a essas perguntas encontram-se no Planejamento.

Eu tenho a minha certeza pessoal quanto a isso, mas ela não vale.

O que vale é a certeza coletiva, a posição e a decisão da comunidade quanto aos rumos de seu município. Esse tema só pode ser tratado com o respaldo das audiências públicas e dos Conselhos que representam a população.

Não é assunto de decisão política, apenas de condução política.

Nota do Editor: Renato Nunes é arquiteto e morador de Ubatuba, SP.