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Opinião
23/09/2018 - 07h03
Um psicólogo para a Seleção?
Montserrat Martins
 

Tite nomeou Neymar como capitão da Seleção brasileira, o que é uma jogada psicológica, evidentemente. No esporte de alto rendimento, tudo é científico, da preparação física aos esquemas táticos, da fisiologia à nutrição. Mas há quatro anos não temos Psicologia na Seleção e há pelo menos dois motivos para isso, dois exemplos que não deram certo. Em 2014 a então psicóloga deu entrevista a canal de TV de debates onde traçou perfil psicológico dos jogadores, o que causou constrangimento por expor bastidores do ambiente do grupo. E há uma história lendária sobre o primeiro psicólogo na Seleção, que completa 60 anos agora, no glorioso ano de 1958.

Naquele time lendário, onde Pelé e Garrincha se consagraram, o psicólogo tentou barrar Garrincha por deficiência intelectual. Na época o conceito de inteligência era muito limitado, ao modelo cognitivo-verbal, não havia a compreensão dos vários tipos de inteligência, como existe hoje - a matemática, a musical, a cinestésica. Garrincha podia até ser “retardado” nos testes formais de Q.I., mas era um gênio em inteligência cinestésica, que é a dos movimentos. Os marcadores até sabiam o que ele iria fazer, mas não conseguiam impedir, pois seus movimentos eram mais rápidos e desconcertantes.

Os jogadores bancaram Garrincha e quem perdeu prestígio em 58 foi o psicólogo Carvalhaes, na primeira demonstração de que a psicologia do futebol exige conhecimentos mais específicos. Isso continua válido até hoje e a experiência de 2014 confirmou isso, quando o grupo se sentiu exposto pela entrevista da psicóloga daquela época. Mas em outros países isso funciona, na mesma Copa de 2014 se consagrava o trabalho do psicólogo do esporte que acompanhava a Seleção da Alemanha já há muitos anos.

Tão específicos são os conhecimentos dos bastidores do futebol, que geralmente os técnicos assumem esse papel de “psicólogos” do grupo, na prática. Em 1994 Parreira e Zagalo bancaram Dunga e tiveram a genial ideia de lhe colocar no mesmo quarto do Romário, craque até então indisciplinado. A dupla funcionou tão bem naquela Copa que são amigos até hoje.

Para evitar a exposição, ou descrer de conhecimentos específicos, Tite faz agora o papel de “psicólogo” ao nomear Neymar capitão. Mas será esse, mesmo, o melhor caminho? Não existirá nenhum psicólogo no país em que possamos confiar, que não cometa os equívocos anteriores? Neymar capitão é um aposta de risco.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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