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SEÇÃO
Crônicas
09/10/2018 - 07h26
Futebol cristão
Henrique Fendrich
 

“Amigos, o pai da mentira é o diabo”, começou o treinador. “Por isso não podemos tolerar que qualquer um de nós tente enganar o adversário de alguma maneira”. A reação do treinador juntou dois eventos importantes no futebol brasileiro, isto é, as famosas simulações de falta de Neymar e o avanço do neopentecostalismo na sociedade em geral, e nos jogadores em particular. Por isso, queria agora que o seu time agisse conforme orientavam os Evangelhos.

“Não pode simular falta. Se caiu sem querer, tem que levantar e dizer que não foi nada”. Os jogadores estavam admirados com aquela nova filosofia de jogo. Muitos ali eram evangélicos, mas até então nunca haviam se dado conta de que poderia haver uma contradição entre o que dizia a igreja e o esporte que praticavam. Eram batizados, falavam em outras línguas, mas, no decorrer do jogo, tentavam passar a perna no juiz. Mas estavam dispostos a abraçar a ideia.

Um dos jogadores, entretanto, que gostava de meditar sobre a Palavra, perguntou se, nesse caso, não deveriam eles também sequer acusar que receberam uma falta. “Jesus disse para não resistir ao mal”, explicou. Fez-se silêncio, e ele aproveitou para continuar: “Acho que, se nos chutam uma perna, devemos oferecer também a outra”. O treinador não havia cogitado essa hipótese, mas admitiu que, se quisessem ser atletas de Cristo, assim deveria ser.

Foi lembrado ainda do versículo que fala que, se alguém lhe tomar a túnica, deixe levar também a capa. Daí a concluir que, se alguém lhes fizesse falta, deixassem levar também a bola, foi um passo. Isso já pareceu mais difícil de aceitar, pois, invariavelmente, levaria a gols do adversário. Felizmente, houve quem se lembrasse da recomendação para fazer o bem aos que nos maltratam, de maneira que, se preciso fosse, eles deveriam inclusive fazer gols contra.

Decidiram então que deveriam perder todas as partidas, pois assim amontariam brasas sobre a cabeça dos seus adversários. Havia, evidentemente, o problema da torcida, que, por certo, não iria compreender os gestos de caridade da equipe. Mas também para isso havia uma resposta na Bíblia, chamando de bem-aventurados os que fossem injuriados e perseguidos. Restava, portanto, aguardar a próxima partida para colocar em prática os novos princípios.

Não contaram a ninguém a sua decisão, para que o Pai, que via em secreto, os recompensasse publicamente.

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