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Crônicas
22/10/2018 - 08h07
Vossas Excelências
Zélia Maria Freire
 

Estava aqui pensando quanto dos atuais congressistas serão reeleitos e permanecerão Vossas Excelências na próxima legislatura. Não é por nada não, só estava lembrando do muito que os nobres parlamentares veem sendo incompreendidos na atual legislatura. Tem-se dito que: “O Legislativo se tornou um conglomerado amorfo de representantes, não da população, mas apenas e tão-somente, de si mesmos”. Achando pouco e explicando o número reduzido de debates e votações no Congresso, disse um outro: “Os nossos parlamentares são ecumênicos: guardam a Sexta em homenagem aos muçulmanos, o Sábado por causa dos judeus, o Domingo pelos católicos e a Segunda porque ninguém é de ferro”. Também são censurados por garantirem o sagrado direito de somarem salários e aposentadoria.

De minha parte, o que tenho à dizer é... Quanta “inguinoranssia” desses críticos, não é seu Creysson?

A título de esclarecimento, em se tratando de Vossas Excelências, a coisa corre frouxo desde 1825. Veja o que diz Machado de Assis, que em 10 de maio de 1896, andou cascavilhando leis, alvarás, portarias e outros atos menos alegres, quando deparou-se com um que lhe fez vir água à boca.

Conta Machado, que a primeira Assembléia Geral Legislativa devia reunir-se em 3 de maio de 1826. Muitos deputados podiam vir com antecedência e aguardar longo tempo a abertura das Câmaras. Então o governo, considerando que eles deviam até lá viver com decência, mandou abonar a cada um, desde que chegasse, a quantia mensal de cem mil-réis.

Naquele tempo (1826) cem mil-réis era dinheiro pra burro! Suas Excelências podiam comer, vestir, casar e até poupar! Com tal dinheiro, os senhores deputados podiam ainda andar pela Capital, em carruagem de quatro bestas! Isto por conta do seguinte decreto: “Não se verificando nesta corte os motivos que na de Lisboa fizeram necessário que nenhuma pessoa, de qualquer condição que fosse, pudesse andar naquela cidade, e na distância de uma légua dela, em carruagem de mais de duas bestas, hei por bem ordenar que, sem embargo do dito alvará, ou de qualquer outra ordem em contrário, todas as pessoas que gozam do tratamento de Excelência, possam andar em carruagem de quatro bestas”.

Ora, e quem era – e continua sendo – mais Excelência de que um nobre deputado? Uma vez assim tratado, acrescenta Machado: “podia muito bem dar-se ao gosto da carruagem de quatro bestas, sem que a polícia o recolhesse ao aljube”.

Bons tempos àqueles... E continuam sendo. Vossas Excelências que o digam.

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