05/05/2024  14h47
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
01/11/2018 - 06h42
Sabugo, quase um sabugo
Damião Ramos Cavalcanti
 

Um sabugo é apenas uma espiga de milho nua e sem grãos. Se muitos, coisa, lixo para os adultos; aos meninos já crescidos, sinal das festas juninas. Mas para as crianças de então, um precioso brinquedo: se quadrado, toras de madeira para se brincar de curral, onde ficavam, como bois, caroços de milho, lagartas verdes ou marrons; se roliços, com as pernas de palito, compridos cavalos para pastorearem o gado. Brinquedos eram assim, sem comercialização das coisas de plástico, nem das invencionices tecnológicas, movimentadas pela energia das pilhas; brincava-se com a natureza, como se fosse bichos, gente, costumes, com as coisas mais simples.

Os senhores de terra contemplavam, no milharal, as centenas de mãos de milho que levariam às feiras, aos cuidados dos matutos que plantavam, colhiam, ensacavam e vendiam para entregar o dinheiro ao patrão, cuja mulher, ao lado, dizia: “Esse ano, vai ter muita pamonha, canjica e milho assado na fogueira”. A fantasia das crianças estava no que estava escondido dentro do milho, debaixo de cada palha, por trás dos verdes grãos: o sabugo. Já as meninas imaginavam, nos já pendurados cabelos da espiga, suas bonecas. Eram brincadeiras sazonais, como as plantações de milho e as festas juninas, repetindo suas tradições: novenas, fogueiras, quadrilhas e bailes animados pelo “verdadeiro” forró.

“Quando eu era menino” é belo livro, do cronista Rubem Alves. Também com esses termos, o leitor poderá resgatar a memória dessa feliz fase da sua vida. Lembro Zilda cortando com a peixeira o milho e entregando-nos o sabugo e minha mãe costurando a saudável palha para cozinhar o coado milho moído. Hoje, usam-se saquinhos cancerígenos de plástico. Recordo: o sabugo era o querido sabugo... Era o centro das nossas atenções, nesse mundo que o arrodeava, também cheio de folclore. Na maravilhosa simplicidade das crianças, havia poésis, comparada pelo poeta Fernando Pessoa: “Grande é a poesia, a bondade e as danças, mas a coisa melhor do mundo são as crianças”.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.