14/09/2025  10h43
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
14/07/2005 - 07h39
Histórias de Manolo
Corsino Aliste Mezquita
 

Nos seus dias de descanso, em Ubatuba, meu amigo, Manolo, costuma visitar-me e passar horas filosofando sobre problemas políticos e sociais, brasileiros e globais.

Na última visita contou uma história bastante original. Relatou o que estava ocorrendo em um determinado município brasileiro. Para não informar o nome do município e do estado e homenageando o quarto centenário da publicação do "QUIXOTE", de MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA, iniciou o relato com a mesma frase do Quixote.

"En un lugar de la Mancha de cuyo nombre no quiero acordarme"

(Num local da região da Mancha (Espanha) cujo nome não desejo lembrar) e passou a contar sua história.

Nesse município, de determinado estado, as eleições, de outubro de 2004, foram vencidas por um candidato filiado a determinada igreja, dessas que se intitulam evangélicas e, nas quais, o Evangelho é totalmente esquecido. São centros de negócios realizados com o dinheiro dos inocentes úteis e bem intencionados que pagam o dízimo ou depositam o dinheiro, que tem com eles, nas sacolas que constantemente, os obreiros e obreiras, passam pelos corredores do templo durante os cultos.

Essa suposta igreja tem um projeto de poder e para efetivá-lo a maior parte dos cargos em comissão foram atribuídos a membros da suposta igreja, independentemente de qualificação para prestar bons serviços, sob a coordenação de um pastor principal que se apresenta como profeta e sócio da divindade.

Listagem dos comissionados da Prefeitura filiados à suposta igreja, com seus salários, são entregues ao tesoureiro para que cobre o dízimo de cada um. Ninguém pode escapar.

Problemas da Prefeitura e métodos para anular possíveis opositores são discutidos na suposta igreja ou nas reuniões dos grupos ou células, em que está dividida, para doutrinação dos membros.

No serviço todos se cumprimentam como irmãos e quando alguma coisa dá errado se juntam em grupo, no horário de serviço, para fazer oração e pedir a Jesus que os proteja e os livre de novos erros. É uma filosofia original do trabalho e da religião. Não conhecem aquela frase de São Bento, já no século 5°: "Ora e labora. Ora quando labora. Labora quando ora.

Desprezam, perseguem e caluniam os que não comungam com suas idéias e atentam, por todos os meios, contra seu moral e prestígio.

Os empresários da cidade estão apavorados. A Prefeitura está estimulando os membros da suposta igreja a criarem empresas para só eles negociarem com ela. Assim o dízimo aumenta e, o negócio é, cada dia, mais produtivo.

As empresas já contratadas ou que operam sob concessão tem que contratar uma quota de irmãos.

As portarias de nomeação de comissionados, que são públicas e deveriam ser publicadas, não são informadas nem à Câmara em pedidos de informação. São segredos eclesiais.

Em decorrência desse hermetismo pouco está sendo feito, os partidos políticos, que foram coligados na eleição, cobram as promessas de campanha, a sociedade reclama, na rua, mas ações efetivas para cobrar respeito à Constituição e à separação que deve existir entre Estado e Igreja, não existem.

O problema é tão agudo que alguns fieis, bem intencionados, não suportam mais o comércio, a enganação e a hipocrisia, nos testemunhos dos novos convertidos por critérios políticos e para aproveitar-se das vantagens oferecidas aos membros, e estão se afastando da suposta igreja.

Contaram-me que um desses crentes convictos ficou revoltado ante o testemunho falso e hipócrita de um suposto corrupto que, segundo o próprio, tinha abraçado a Jesus, e que profundamente contrariado foi transportado para fora do templo, em estado de êxtase. Já fora viu Jesus na sua frente com rosto triste. Cheio de admiração exclamou: "Mestre"! "O Senhor aqui"! "Fora do templo"!... "Meu filho, para Mim não existe lugar lá dentro. Todos os espaços foram ocupados pelo dinheiro, a enganação e a exploração da fé. Usam meu nome e o de Deus em vão, para lavar dinheiro e sonegar impostos".

Para concluir seu relato e para que os leitores não pensem que ele é contra a religião citou um artigo do Caderno Mais, da Folha de São Paulo, de 03-07-05, pg. O7 "Pragmatismo samaritano" de Paulo Chiraldelli Jr. "O problema que vivemos não é o das pessoas adotarem ou não religiões, mas sim o das pessoas levarem o dogmatismo quase que inerente à religião para fora do campo íntimo. Isso seria um complicador da vida democrática... A religião só perde e só nos faz mal saindo do campo da intimidade".

As experiências que estamos vivenciando, nestes dias, em nível nacional, confirmam as idéias e Manolo.


Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.