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Crônicas
22/11/2018 - 06h54
As festas das neves de outrora
Damião Ramos Cavalcanti
 

A primeira “festa das neves” que vi, em minha vida, foi em Pilar. Sem rodas gigantes, com carrossel empurrado pelo dono e duas dezenas de cadeirinhas que giravam em torno de um jovem sanfoneiro. Preferia esse divertimento à canoa, que dava frio na barriga. A maior atração era as enormes pedras de gelo, trazidas da capital pela “sopa” de Itabaiana, enroladas em estopa e pó de serra, para, à noite, esfriarem bebidas e guaranás. Que privilégio tocar aquelas pedras! Como os índios, surpresos por tais esquisitas lajes que se derretiam... As bolas eram cheias por um misterioso sopro que as fazia, se soltas, voarem pelas nuvens adentro. A magia era feita com hidrogênio, feito pela mistura do ácido sulfúrico com o zinco dos vazios tubos de pasta dental, catados por nós em troca desses balões.

A segunda quermesse, maior, foi em Itabaiana. Os balanços e os carrosséis tinham avançado. Também o “pavilhão”, onde leiloavam galetos, perus, bodes e carneiros. Enfileiravam-se barracas, roletas, tiro ao alvo, casinhas de coelho, pirâmides de latas derrubadas por bolas de meia e até o homem que virava macaco. Então comecei a entender a quermesse das conquistas amorosas, da troca de bilhetes, do piscar de olhos; também a de se arrumar dinheiro para a pintura e o sino rachado da igreja. Observei, na procissão, mulheres cobrindo as cabeças com mantilhas, e os homens descobrindo-as, com seus chapéus na mão.

Somente em 1959, conheci, na General Osório e adjacências, da pompa à “bagaceira”, a verdadeira Festa das Neves. Cabiam nela as dos outros lugares. E quanto mais acontecia, mais crescia. Hoje, quanto mais acontece, menos cresce. As crianças de hoje não saberão contar a Festa das Neves do seu tempo. Lá não serão levadas. Preferirão coisas estranhas à infância de outrora ou à meninice e ao dia da sua cidade.

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