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Opinião
24/11/2018 - 08h26
Tentando ser feliz
Montserrat Martins
 

“Não me arrependo”, disse uma jovem que, derrotada no concurso “Miss Bumbum”, arrancou a faixa da vencedora e levou a faixa roubada para casa. Ela se auto-intitulou “Miss Bumbum Barraco” e diz que fez isso “para denunciar que o concurso era roubado”.

Está na moda debater a onda de agressividade, a raiva e o ódio nas redes sociais, na internet e na sociedade toda. Mas o que era agressivo, desrespeitoso ou no mínimo “rebelde” até agora, se torna rapidamente banal e com novos significados. Faz décadas que se diz que “perdemos os nossos valores”, que falta educação, ou francamente que “o mundo está perdido” como dizem muitos, mais chocados.

As palavras agora tem novas conotações, as vitrines das livrarias expõe um livro cujo título em letras gigantescas é “Como ser foda”. Eu costumava escrever com “três pontinhos” sobre a moda das pessoas dizerem “ligue o f...-se”. Mas agora a palavra está nas livrarias como um título chamativo, agora é literatura e virou um adjetivo elogioso, algo que as pessoas desejam ser.

Que tempos são esses em que estamos vivendo? Que mundo é esse em que o chocante se torna desejado? As mesmas pessoas que reclamam da “cultura do ódio” usam expressões que chocam outras, como se o que elas acham normal não significasse uma forma de agressividade para outras pessoas.

“Agressividade verbal”, definitivamente, virou uma questão subjetiva. Não há nenhuma expressão que fosse considerada ofensiva, no passado, que já não esteja sendo usada como elogiosa ou corriqueira, em algum grupo social. Os artistas, como sempre, precederam essa tendência, desde que virou tradição desejarem “merda” uns para os outros, numa gíria que significa sorte, sucesso, felicidade.

Talvez seja o caso de xingar mesmo os milhares de textos que, nas mais diversas mídias, se queixam da “cultura do ódio”. Porque contém doses consideráveis de hipocrisia, ódio é apenas o que os outros fazem com você, nunca o que você faz com os outros.

Na história da humanidade, todas narrativas de conquistas foram feitas com lutas, com agressividade, devidamente canalizadas. Se houvesse uma explicação única - o que seria um simplismo, num mundo tão complexo - para a chamada “onda do ódio”, a principal explicação deveria ser a de que as pessoas, afinal, querem ser felizes e acreditam que o caminho seja esse.

Ao se expressar com agressividade, as pessoas costumam dizer que “cansei de ser bonzinho”, ninguém mais quer sofrer calado, sem reagir. O resultado é que ninguém segura mais nada, todo mundo fala o que pensa o tempo todo. Que merda.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é Psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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