17/05/2024  07h38
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
01/12/2018 - 07h57
A mãe do Rei
Montserrat Martins
 

Uma lição que não esqueço eu aprendi na casa de primos, no interior, onde eu estava passando o Natal. Num certo momento achei uma brincadeira de mau gosto (zombando das crenças dos outros) e disse isso para o marido da prima, que me respondeu assim: “Eu sou uma pessoa simples e as minhas brincadeiras são simples”.

Quem era eu para julgar as brincadeiras dos outros? Mas é isso que fazemos todos os dias, a todo momento, nos “patrulhamos” avaliando como “ofensivas” as mais simples bobagens que as pessoas falam com a intenção de se divertir, de “desestressar”.

Brincadeiras podem ser muito agressivas, como o “bullying”, capaz de afetar pessoas mais vulneráveis. O humor pode ser irreverente, preconceituoso, fantasioso, pode ser de muitos tipos e também expressa valores. Por isso se diz que as pessoas “dizem a verdade brincando”. Pessoas que riem das mesmas coisas tem uma sensação de “cumplicidade” que as une. “O chiste é o padre disfarçado que une os casais”, disse Jean Paul, um autor citado por Freud, que foi complementado por T. Vischer: “De preferência, ele une os casais cuja relação os parentes desaprovam”.

Freud distinguiu o chiste inocente do tendencioso, que possui uma tendência ou objetivo específico. Um exemplo é a piada do Rei que andava pelas ruas do seu domínio quando encontrou um aldeão muito parecido com ele. O Rei, impressionado com a semelhança, pergunta a este: “a sua mãe já esteve na Corte?”. Ao que o aldeão respondeu: “não senhor, mas meu pai sim”.

A mais elegante forma de humor é o filosófico (definição do psicólogo Abraham Maslow), que não ofenderia as pessoas, como também a auto-ironia, que expressa capacidade de autocrítica, mas isso é bem mais raro. No típico senso de humor brasileiro, gozar das fraquezas dos outros é que é engraçado.

É ironizando e sendo ironizados, com “memes e contra-memes” nas redes sociais e brincadeiras na vida pessoal, que vamos ter de aprender a conviver com as diferenças.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.