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Opinião
21/12/2018 - 06h45
O ressurgimento da guerra fria
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Ainda repercutem as denúncias de que a Rússia interferiu nas eleições norte-americana, prejudicando Hillary Clinton e beneficiando Donald Trump, que acabou eleito. Agora, o presidente francês, Emmanuel Macron, reclama que os russos estão por traz dos insurgentes de colete amarelo, que protestam França há cinco semanas. Verifica-se a invasão do espaço aéreo brasileiro por dois aviões de guerra russos que vieram à América do Sul participar de atividades na Venezuela, episódio que teve pouca repercussão local, mas chegou a mobilizar a 4ª Frota Americana de Defesa rumo à costa brasileira. São grandes os indícios de que se desenham no horizonte internacional os contornos de um novo período de guerra fria, sistema de contrapesos e influências internacionais que funcionou entre 1947 e 1991, potencializou guerras, sustentou ideologias e causou sofrimento e mortes.

O mundo de hoje não precisa de tutores de esquerda ou de direita ao estilo dos que no pós 2ª Guerra Mundial, por razões ideológicas e disputas econômicas, ameaçaram o planeta com a guerra nuclear por mais de quatro décadas. Também é fora de proposito e intolerável a idéia de constituir blocos regionais por ideologia que possam lembrar a falecida URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), esfacelada em 1991 pelas políticas da glasnost (transparência) e da perestroika (reestruturação) pilotadas pelo líder Mikhail Gorbachev. A malfadada tentativa de sua reedição em terras latinoamericanas, aos poucos cai por terra, especialmente após o impeachment presidencial de 2016 e a hecatombe do Partido dos Trabalhadores no Brasil, coroada agora pela eleição de Jair Bolsonaro.

Aceitem ou não, o mundo vive um tempo global. E a globalização, em vez da simples vontade das lideranças políticas e econômicas, vem da disponibilidade das comunicações. A internet, inicialmente ignorada, teve o condão de unir os indivíduos e mobilizá-los. As últimas eleições brasileiras, americanas, francesas e de outros pontos do planeta são exemplos disso. Mas o poder da rede vai muito além, permitindo ao cidadão comum o comunicar-se com todo o globo e, ao mesmo tempo, ligar e desligar remotamente o ar-condicionado, a torradeira, o aquecedor de água ou a luz de sua casa. As lideranças tradicionais precisam se reinventar caso queiram continuar vivas. Por outro lado, com a disponibilidade tecnológica de comunicação e armamentos - se voltarmos a ter no cenário mundial figuras como os ditadores, caudilhos e líderes carismáticos, radicais e temerários do passado - o planeta estará em risco muito maior do que aquele que a humanidade temeu durante toda a segunda metade do século passado.

Os novos tempos têm de ser pautados pelo entendimento. Os arsenais nucleares e químicos hoje existentes (legal e ilegalmente) são suficientes para, segundo os estudiosos, destruir o planeta e a humanidade várias vezes. Pensando a respeito, somos transportados a 2 de julho de 1948, quando o escritor Monteiro Lobato, que morreria dois dias depois, na sua última entrevista, dada ao jornalista Murilo Antunes Alves, da Rádio Record de São Paulo, afirmou que a paz mundial seria possível no dia em que todos os países tivessem a bomba atômica; por temor, eles se respeitariam. Reservado o contexto, parece termos chegado a esse dia. Ideologias, direita, esquerda e dogmas são coisas arcaicas e inúteis...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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