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Opinião
23/12/2018 - 07h48
Sem entendimento sobre a Cultura
Adriana Silva
 

Já no processo eleitoral, o então candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, anunciou a extinção do Ministério da Cultura. Houve reação, mas sem arranhões à proposta do novo elenco do Executivo Nacional. Tudo indicava que a partir de 2019 a área cultural seria absorvida pelo Ministério da Educação. O que não se confirmou. O anúncio já foi feito e a Cultura seguirá atrelada à assistência social e ao esporte no Ministério da Cidadania, a ser conduzido pelo ex-Ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra.

Sem qualquer condição de analisar as propostas do futuro ministro, já que ainda não foram anunciadas, é oportuno uma reflexão sobre a junção dos referidos temas: assistência, cultura e esporte. De imediato a propositura reflete o entendimento sobre o conceito de Cultura. Ainda que a análise não tenha feito parte do processo decisório da equipe de transição do governo, o fato está posto. Se a Cultura ficasse com a Educação, seria possível compreender o desejo de utilizar o campo para promover transformações. Uma vez atrelado à assistência e ao esporte, a sugestão que desponta é a de que Cultura seguirá como área alternativa, atividade de contra turno escolar, entretenimento, lazer.

Desdenhar a força da Cultura tem sido comum no campo das políticas públicas. A redução do conceito ao universo das artes é um recorte tão menor que explicita a falta de entendimento sobre o que de fato venha a ser Cultura. A palavra enquanto simplesmente um léxico é usada com mais amplitude do que de fato atribuem ao termo, os muitos e sucessivos governos, federal, estaduais e municipais. Não raras vezes se ouve: “brasileiro não tem a cultura de doação”, “não faz parte da cultura do brasileiro chegar no horário nos compromissos”, “a violência é também uma questão cultural”, “o jeitinho brasileiro reflete a cultura do país”.

Quando estatisticamente educar foi reduzido ao ensino da matemática e da Língua Portuguesa, a Cultura ganhou relevância que nunca recebeu. A Educação sozinha não dará conta, nunca, de promover a transformação social que o Brasil pede há décadas. A Cultura é a área mais sensível para gerar mudanças comportamentais, tão necessárias em nosso País. Habilidades que cabem a ela foram atribuídas, em tempos passados, à Educação, mas nem a Educação conseguiu dar conta, nem a Cultura foi priorizada para cumprir seu papel em nossa sociedade e, por isso, chegamos até aqui tão descaracterizados. Ou mudamos essa relação com a Cultura, ou não mudamos nada nesse país.


Nota do Editor: Adriana Silva é vice-presidente e pesquisadora do IPCCIC - Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais; vice-presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto. Diretora Geral do Instituto Ribeirão 2030. Atua como consultora em gestão pública na área de Cultura, Educação e Comunicação pela Quanta Consultoria e Projetos. Foi consultora da Unesco a serviço do Minc. Foi Secretária da Cultura do município de Ribeirão Preto, de 2009 a 2012. Documentarista. Pós-doutora em Administração das Organizações, com ênfase em Políticas Públicas na área de Cultura - gestão de redes, na FEA-RP-USP (2015). Pós-doutoranda em Educação (2018-2019) Unicamp. Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (2011), Mestre em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda (2004) e graduada em Comunicação Social - Jornalismo - pela Universidade de Ribeirão Preto (1992). Documentarista. Autora do livro Mudar o mundo a partir das cidades: a busca pela sociedade 4.0 (2015) e outros 12 títulos em parceria, nas áreas de identidades culturais e três romances.

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