Concretizada a posse dos eleitos, o Brasil vive um clima novo, onde o povo tem esperança nas mudanças prometidas em campanha e a classe política procura conviver com a nova cultura desenvolvida após a derrocada da política do toma-lá-dá-cá que levou o país à crise e muitos políticos ao banco dos réus. Espera-se dos novos governos federal e estaduais providências que resultem na diminuição do gigantismo estatal inflado pelos governos que nas ultimas décadas criaram milhares de cargos e instituições para acomodar seus cabos eleitorais e aliados. A volta do serviço público para as suas tradicionais funções de normatização, licenciamento e fiscalização, é o desejável. A União e os estados não devem ser empresários ou concorrentes da iniciativa privada, mas criar ambiente para que o investidor particular empreenda, fazendo a economia girar e produzindo empregos, tributos e outras riquezas. Bolsonaro tem pela frente a tarefa - a que ele próprio se lançou - de convencer o Congresso Nacional de que, para discutir e votar projetos, os parlamentares não precisam ter participação no governo e nem receber benesses. Foi esse regime de barganha que levou a classe política ao seu mais baixo prestígio em décadas e, ainda, serviu de chave para abrir as portas da corrupção que corroeu o país. Os novos governos não devem perder tempo com isso, que é coisa do passado e cujos crimes relacionados são apurados pela Justiça com o devido processo legal e o apenamento dos culpados. Cabe aos eleitos de outubro de 2018 a tarefa de transformar em atitudes aquilo que prometeram ao eleitorado e arrebatou os votos. Não é nem o caso de, em lugar do viés esquerdista, colocar-se o direitista. O povo despreza tanto esquerda quanto direita, pois quer coisas mais concretas como educação, saúde, segurança pública, empregos, desenvolvimento e administração pública íntegra que devolva em serviços o que pagamos em impostos. Num regime democrático, nada impede que cada um tenha sua ideologia. Mas ela não deve ser a pedra de toque da sociedade. Em todos os momentos que se agiu ideologicamente (independente da tendência), não se chegou a um bom termo. Os que chegam precisam ter sensibilidade para não guinar ao totalmente oposto dos que saíram e estes devem reconhecer que perderam as eleições e, se quiserem continuar existindo como grupo, têm de mudar, fazer autocrítica e evoluir. A população quer o seu país de volta para poder nele viver, produzir e legá-lo melhor para as futuras gerações. Todas as formas de extremismo e, principalmente, os esquemas de desobediência civil e intolerância, têm de ser banidos em respeito à Nação, entendido como tal o conjunto de todos os cidadãos... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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