No carrilhão da vó, o tic nitidamente mais audível que o tac. Parece sístole e diástole, um mais forte e outro mais fraco. Espelho que se esparrama e transcende frente a mim. Marca de expressão entre o nariz e a boca me faz virar um boneco de ventríloquo. Bobo da corte de um reino tolo, a se fazer de conta. ”Pirulito que bate bate, pirulito que já bateu”, ir atrás da origem disso é marcar touca, e talvez marcar touca não seja o que sempre pareceu. Vindas pela esteira, em linha de montagem, surgem em variadas cores e estampas para serem marcadas pelo pincel atômico. Acrescentar nexo aos poucos, para não empelotar e desandar toda a massa. Ao Bob a esponja, como diriam os antigos. Olhar pousa em veio de mogno, mesa de contratos e arranjos, batizados e ceias a se perderem na bruma. E uma novilha eis que muge, em origamis galácticos. Lágrimas de antes tarde ou quase nunca definitivamente não caem do nada – por alguma razão se está e se é assim ou assado. Livre arbítrio é livre abutre, let it be. Assim falou Nicodemos, envolto em filós dourados. Havendo ou não semelhança com fatos ou faces reais, fique você à vontade para entender como quiser.
Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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