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Opinião
13/01/2019 - 07h00
O livro do ano
Montserrat Martins
 

O livro mais vendido no Brasil em 2018 foi “A sutil arte de ligar o foda-se”, donde se conclui que a maior necessidade dos brasileiros é se libertar da opinião dos outros sobre a sua vida.

O autor é um jovem blogueiro norte-americano de 34 anos, Mark Manson, que contesta os padrões estabelecidos, tais como as pressões sociais para termos “status”.

Com o subtítulo “uma estratégia inusitada para uma vida melhor” (tal como o título, é uma tradução livre do original em inglês), esse foi o segundo livro de Manson e se tornou um dos mais vendidos nos Estados Unidos desde o seu lançamento, em 2016. Seguimos padrões de comportamento americanos, portanto, em nossa necessidade de “libertação”.

Porque em pleno século XXI as pessoas ainda se sentem escravas da opinião dos outros (da qual tem de se libertar, ligando o “fuck you”), após séculos de lutas por todas as formas de liberdade, hoje já afirmadas? Há quem conteste a vitória da “revolução de costumes”, que a meu ver já está consolidada, tanto que quem se opõe a ela tem de dar muitas explicações. Mas é claro que essa não é a percepção popular, senão esse tipo de livro não faria tanto sucesso.

Se sentir livre de pressões ou não é subjetivo, depende do contexto que lhe cerca na família e na sociedade. Há fatores objetivos envolvidos, como a dependência econômica, mas uma boa parte das pressões vem de amizades que cada um de nós escolhe.

Quando alguém muda seus valores, seus gostos, suas opiniões, isso se reflete nas suas amizades também. Pois uma das principais funções das relações fraternas é a empatia, a capacidade de compreender e respeitar o ponto de vista e as escolhas de cada um.

Além das pressões culturais que o autor do livro atribui à sociedade de consumo (termos de ter tal carro, tais bens, para nos sentirmos bem), ele faz uma reflexão psicológica também sobre o ser humano ser insatisfeito com o que tem. Uma das frases mais interessantes do livro é a de que “os ricos sofrem por serem ricos. Os pobre sofrem por serem pobres. Pessoas sem família sofrem por não terem família. Pessoas com família sofrem por causa da família”.

No humor popular todo mundo quer ter os problemas dos ricos, mas na prática a quantidade de angústias de pessoas presas ao “status” e necessidade de manter as aparências pode ser torturante. Os psiquiatras conhecem bem a quantidade de pessoas deprimidas e de suicídios, inclusive, nesse grupo social.

Ao contrário das aparências e das piadas populares, prevalece, na realidade, o ditado de que dinheiro não é felicidade, mesmo. Mais importante do que “ter”, é saber viver.

Se olharmos para qualquer período da História da humanidade, nunca fomos tão livres como agora. Mas parece que ainda somos escravos de valores que nós mesmo criamos - e que cada um tem de mudar em si.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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