"Quando alguém lhe provocar irritações, pegue um copo de água, beba um pouco e conserve o resto na boca. Não a ponha fora, nem a engula enquanto durar a tentação de responder. Deixe a água banhando a língua. Esta é a água da paz!" (Francisco Cândido Xavier) Quem me conhece sabe que não professo a doutrina espírita, que não sou católico, e muitos acham que não sou seguidor do evangelho de Cristo, mas uma certeza eu tenho; creio no Deus Absoluto. Sei que sou filho Dele tanto que com Ele converso de forma íntima, nas minhas orações, meditações e até ilações. Como Pai, esse Deus tem me dado prova de que me conhece, e sabe que de seu filho Jesus, meu amigo de fé e meu irmão camarada, tenho algo parecido. Um dia, e acho que não foi só uma vez, Jesus Cristo tomou de um chicote, como narra a Bíblia, e botou para correr os vendilhões do templo. Isso tem grande significado na vida daqueles que tentam mostrar que o mundo pode ser melhor, mas encontram resistência nos que teimam que neste mundo são os donos das ruas, das calçadas, do silêncio e do canto dos pássaros, e teimam em poluir com seus sons amalucados e desvairados o meio-ambiente. Destroem a nossa paz! Como jornalista tenho engolido elefantes, pois engolir sapo já é rotina. E um dia destes faltou-me, ao meu lado, um copo com água. A "água da paz" citada por Francisco Candido Xavier, que tive a alegria de conhecê-lo na cidade de Pedro Leopoldo, antes que este mudasse para Uberaba. Não fui a ele em busca de cura, mas para olhar o semblante tranqüilo daquele homem que certamente reteve muita água na boca. Afinal Chico e Pedro são todos pecadores. Digo que me faltou o copo com água, quando atendi ao telefone a secretária de alguém importante político, e também importante para mim. Ela, que nem perguntei seu nome, antes de consultar o seu superior imediato, veio a dizer "abobrinhas" pela falta de um não, que sim poderia alterar a interpretação da notícia pretendida, caso abaixo não houvesse, na continuação da notícia, a ressalva de que aquele, o amigo noticiado, sempre diz "Escuto a todos". Naquele momento parei de escutar e "peguei o chicote". Afinal me acho parecido com Cristo! E às vezes imagino que é mais fácil fugir daquele barulho importuno dos carros particulares e profissionais dos sons, que teimam que tenhamos que ter o mesmo gosto musical de seus motoristas. Mas é mais difícil sair do circuito da impertinência daqueles que nunca te agradecem quando as notícias são de elogios. Parecem "tangidos pelo diabo", e só acham de nos importunar nos dias em que estamos mais atarefados. Confessam que não entendem da área de jornalismo, mas em contrapartida querem ditar os rumos da notícia e das interpretações. Se o problema é a água e não o copo, penso em alterar a frase de Chico Xavier, trocando o copo por uma garrafa. Vou andar com uma garrafinha de água, semelhante com aquelas que os alcoólatras usam para carregar o rum e o uísque no bolso do paletó, ou do jeans, para que eu tenha sempre esse líquido da paz: Á água de reter na (e a) língua! Nota do Editor: Seu Pedro, é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Sertão da Bahia.
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