Acabo de ler sobre mais um atentado com carro-bomba no Iraque. Os números iniciais são de 25 mortos, dos quais, sete crianças e um soldado americano. E daí? Esta é a pergunta implícita no subconsciente do mundo. Ninguém a pronunciou com sua própria boca. Mas, o silêncio geral, a indiferença em torno da morte de iraquianos, de crianças iraquianas, faz a pergunta ecoar, ainda que silenciosa. Imediatamente, após o recente atentado nos trens e ônibus de Londres, o mundo mobilizou-se em condolências. Líderes mundiais manifestaram, de pronto, seus pêsames e repúdio para com os atos bárbaros contra o ser humano, contra a liberdade, contra a vida. A mídia passou o dia noticiando cada passo das investigações e os números de mortos e feridos. O Papa Bento XVI apressou-se em condenar o ato e referiu-se a ele mais de uma vez durante a semana. Sim, todos sentiram. Afinal, a barbárie sanguinolenta do terrorismo deve ser repudiada por qualquer pessoa de bom senso. Mas, quem chora pelas crianças iraquianas? Quem chora pelos cidadãos iraquianos, em sua maioria pobres, que são mortos pelas ruas todos os dias, nos atentados corriqueiros dos mesmos bárbaros sanguinolentos que encheram de sangue as calçadas de Londres? Qual a diferença entre a criança iraquiana e a britânica, ou americana, ou brasileira? Não escuto as manifestações de condolência e repúdio dos líderes mundiais. Não escuto o governo Lula. Não escuto o Papa. Não. Ninguém se importa mais. O terror só é terror quando bate a nossa porta matando nossos cidadãos ocidentais. Quando mata nossas crianças. O terror no oriente não sensibiliza mais o mundo, não dá mais audiência à mídia. As crianças de lá morrem sob explosões violentas enquanto nossas crianças aproveitam as férias de julho. Não cabe aqui uma explicação histórico-social do quadro que vemos no Oriente Médio. Seria simplista, também, afirmar que a simples retirada da soldadesca americana do Iraque traria a paz ao país. E, não tenho palavras suficientes para expressar a angústia e os sentimentos pesados que se abatem sobre mim cada vez que leio tudo isso. Gostaria de ter uma explicação, uma solução... Mas, infelizmente, não tenho. Sobra o desconsolo e o pesar a compartilhar. Sete crianças iraquianas foram mortas. Talvez enquanto brincavam com um carrinho ou uma boneca de pano na calçada. Enquanto sonhavam que o mundo é belo e florido. Foram ceifadas num estrondo de chamas e destroços de um carro-bomba. Quem chora pelas crianças iraquianas? E daí?
|