Não tenha presa para apresentar para si e para os outros uma conclusão a respeito daquele assunto. A sabedoria não reside na velocidade em dar uma resposta. Ser capaz disso não deixa de ser uma forma de astúcia, mas não é uma expressão de sabedoria. A vereda da sabedoria está muito mais próxima da capacidade de suportar o estado de dúvida do que dar uma resposta na lata pra “lacrar” ou “mitar”. Aliás, como nos ensina o dito popular, a pressa seria a inimiga da perfeição. Sim, como é. Se estamos apressados em termos uma resposta para nós é porque estamos muito mais preocupados com outras coisas do que com a verdade. Se queremos mostrar para os outros o mais rápido possível é porque estamos muito mais incomodados com a imagem que irão fazer de nossa figura do que com a formosura da verdade. Se assim procedermos, não há dúvida que estaremos muito mais interessados com a imagem que edificaremos sobre nós mesmos e que será apresentada para os outros do que o conhecimento da verdade sobre nós e, é claro, sobre muitos e, por isso, como nos ensina Confúcio, quem diz verdades, perde amizades, cria inimizades e outras coisas mais. E assim o é não por maldade ou vaidade, mas sim, porque nós tememos a voz e a presença da verdade em nossas vidas, de modo similar a um vampiro frente a luz do sol. Enfim e por fim, não é à toa que Sócrates teve o destino que teve, não é por acaso que Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo divino encarnado, foi flagelado e morto na cruz por cada um de nós. Fim. Hora do café. Dum verdadeiro café.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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