Lembro que, tempos atrás, umas pessoas me disseram: "Ore a Deus que Ele vai lhe mandar a pessoa certa." A minha resposta foi: "Mas se eu ficar apenas orando e não for conhecer pessoas nem me arriscar a errar e me decepcionar, não encontrarei nenhum homem certo. Ele não vai bater na minha porta." Houve até um amigo meu que gracejou: "Vai cair do céu e ficar no telhado." Uma prima disse: "É, você não pode ficar como Rapunzel, isolada numa torre."

Hoje, eu me pergunto: "Existe um homem certo?" A gente tende a idealizar um tipo de pessoa que seria a ideal para nós mas, pensando bem, não há um perfil certo de pessoa. Existem pessoas com quem temos mais afinidade e nos identificamos depois de nos conhecermos melhor. Além disso, mesmo uma pessoa com as qualidades mais admiráveis não é desprovida de defeitos. Conseguir construir um bom relacionamento depende muito de aprendermos a conviver com os aspectos desagradáveis de um ser humano.

Também é bom consideramos que uma pessoa que à primeira vista pode parecer ser a errada pode ser alguém capaz de despertar nossos sentimentos e nos apoiar e dar o amor que precisamos. Não existe um modelo ideal de homem ou mulher. Nós só seremos felizes no amor se formos conhecendo as pessoas, cometendo erros e adquirindo experiência de vida, até porque a "pessoa ideal" não virá com um rótulo na testa. Essa ideia de uma pessoa certa é irreal e nos mantém presos a uma ilusão, impedindo-nos de aprender a ver pessoas e relacionamentos com "lentes" mais realistas. Nenhuma pessoa pode ser encaixada em rótulos e não podemos ficar enxergando o mundo com lentes cor-de-rosa.

Viver com uma pessoa significa atravessar momentos agradáveis e desagradáveis ao seu lado, entender suas particularidades e ter uma rotina com ela. Querer que haja uma "pessoa certa" é querer alguém que sempre corresponda às nossas expectativas. Isso é infantil e irreal.