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Crônicas
28/04/2019 - 06h23
Meu grito
Dartagnan Ferraz
 

Adoro ouvir alguém falar do seu amor por sua terra. É chamado amor telúrico. Ele me emociona, principalmente quando é verdadeiro.

Sempre recordo de um amigo que vivia falando mal da sua terra: "Quando for embora bato os sapatos na saída para tirar a poeira e nunca mais voltar para esta terra de merda!". "Eita lugar atrasado da gota serena, parece que enterraram uma cabeça de burro nela!". "Só tá faltando botar uma cancela na entrada e outra na saída para virar um cercado!". "Essa terra só cresce como rabo de cavalo, pra baixo!". Um dia foi mesmo embora, mas na despedida não falou mal da terra. Fiquei surpreso.

Algum tempo depois um caminhoneiro me disse que encontrou esse sujeito numa padaria do Brás, em Sampa. Estava empregado e até bem de vida, mas triste demais, com uma saudade danada da sua terra. Contou que tomando café com ele, de repente colocaram no som um CD de Agnaldo Timóteo e quando ele cantou os primeiros versos de "Meu Grito": "Se eu demoro / mais aqui eu vou morrer / isso é bom / mas eu não vivo sem você...", o cara começou a chorar copiosamente e as lágrimas caindo na xícara de café. Mas depois da pancada veio o coice, a outra música cantada por Agnaldo Timóteo: "Se algum dia / a minha terra eu voltar / quero encontrar as mesmas coisas que deixei...", o sujeito começou a chorar alto, perdeu o controle, foi preciso tomar um copo de garapa. Era a saudade da terra, por melhor que estivesse em São Paulo estava triste, não sabia viver feliz longe de sua terra.

Depois de alguns anos voltou, se estabeleceu na sua terra, ficou felicíssimo. Quando o encontrei sentado num banco da praça, cedinho, batemos um papo e então eu lhe perguntei do que ele mais sentiu saudades da terra. Ele me respondeu que de tudo, até do que não prestava. E confessou algo: "Bicho, eu sentia saudade até daqueles relógios parados das torres da Catedral - e apontou para os relógios.

Ninguém é totalmente feliz longe da sua terra. Juro. Inté.

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