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Opinião
01/05/2019 - 08h04
O trabalho que dignifica e mata o homem
Mauro Felippe
 

“O trabalho dignifica o homem”. - Quem nunca ouviu essa frase? A sentença é realmente verdadeira. Além de prover o sustento, trabalhar contribui para o bem-estar e a saúde mental dos indivíduos. Mais ainda, promove a realização pessoal, o sentimento de utilidade e contribui para a construção da autoconfiança. No entanto, para que o trabalho verdadeiramente dignifique é preciso equilíbrio.

Durante a chamada Revolução Industrial, no Século XIX, os trabalhadores exerciam suas funções sob condições degradantes. Sem direitos, com jornadas que ultrapassavam 12 horas diárias, sem segurança, em condições insalubres e com salários baixíssimos, frequentemente, esses empregados sofriam acidentes nos locais de trabalho ou eram acometidos por problemas de saúde.

Em Chicago, as péssimas condições de trabalho levaram funcionários a se mobilizarem e organizarem uma série de protestos em 1º de Maio de 1886. As manifestações persistiram nos dias seguintes, mas foi no dia 4 que tomou visibilidade mundial. Durante o protesto que acontecia na Praça Haymarket, uma bomba explodiu, matando manifestantes e policiais. Após a explosão, a polícia abriu fogo contra os manifestantes e o movimento dos trabalhadores passou a ser duramente reprimido. No mesmo dia, muitas trabalhadoras também foram assassinadas em um mesmo local, fato este em foco até os dias de hoje. Assim, nascia o Primeiro de Maio, Dia Mundial do Trabalho.

No Brasil, segundo a historiadora Isabel Bilhão, as primeiras manifestações trabalhistas datam de 1891 e se colocaram a favor da República recém-instaurada no País. As manifestações exaltavam a classe trabalhadora, além de oferecerem apresentações musicais, disparo de fogos de artifício e passeatas.

Apesar disso, foi no governo de Getúlio Vargas que o Primeiro de Maio passa a ter grande importância, principalmente, por conta do Projeto político que visava a aproximação com a classe trabalhadora. Os eventos enfatizavam valores cívicos e de ordem, além de servirem como palanque para os discursos de GV e anúncio das medidas tomadas pelo Governo em prol da classe, como o Decreto da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), férias remuneradas e o salário mínimo.

Apesar dos avanços, a classe trabalhadora, hoje, ainda enfrenta diversos desafios. De acordo com Jeffrey Pfeffer, professor de comportamento organizacional da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, anualmente, estima-se que o trabalho seja a causa da morte de 120 mil pessoas por ano só em solo estadunidense.

Já no Brasil, os dados da Previdência Social apontam que, de Janeiro a Setembro de 2018, 8.015 licenças (benefícios) por comportamentos obtidos no serviço e transtornos mentais foram concedidas pelo INSS. Um aumento de 12% em comparação com o mesmo período no ano anterior. Ainda, o Brasil continua sendo um dos campeões mundiais em acidentes de trabalho, principalmente os com morte. Portanto, é verdade sim que o trabalho dignifica, mas sem garantias, direitos e, principalmente, equilíbrio, ele também mata.


Nota do Editor: Natural de Urussanga/SC, o advogado Mauro Felippe já chegou a cursar Engenharia de Alimentos antes de se decidir pela carreira em Direito. Autor das coletâneas poéticas Nove, Humanos, Espectros e Ócio, já preencheu diversos cadernos em sua infância e adolescência com textos e versos, dos simples aos elaborados (a predileção pelo segundo evidente em sua escrita). As temáticas de suas obras são extraídas de questões existenciais, filosóficas e psicológicas que compreende no dia a dia, sendo que algumas advém dos longos anos da advocacia, atendendo a muitas espécies de conflitos e traumas. Por fim, pretende com a literatura viver dignamente e deixar uma marca positiva no mundo, uma prova inequívoca de sua existência como autor. Participante assíduo de feiras literárias, já esteve como expositor na Bienal Internacional do Livro de São Paulo 2016 e Bienal Internacional do Livro do Rio 2017.

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