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Opinião
18/05/2019 - 08h30
Sem palavras
Dartagnan da Silva Zanela
 

Imagino que, nunca antes na história contemporânea, uma semana santa se apresentou de forma tão clara aos olhos do mundo; tão límpida para o temor e tremor das almas dos fiéis, sejam eles quentes, frios ou amornados.

A semana santa, como todos bem sabemos, praticamente iniciou com o incêndio da Catedral de Notre-Dame de Paris e, culminou com o massacre ocorrido durante a vigília Pascal no Sri lanka que ceifou a vida de mais de 200 cristãos.

Devido a esses dois acontecimentos, adornados por outros mais, que não mencionaremos nessa escrevinhada, essa semana foi duma clareza absoluta para toda a Cristandade, revelando, aos olhos de todos, quão hostil o mundo moderno é ao Cristianismo.

Digo isso não apenas pelos fatos em si, mas também pela forma como inúmeras pessoas reagiram aos dois acontecimentos. Alguns com indiferença, outros com sarcasmo e, é claro, inúmeros com lamentos dissimulados.

Ao testemunhar tudo isso, lembrei-me duma passagem que certa feita fora escrita pelo teólogo Urs von Balthasar, onde o mesmo nos chamava - e chama - a atenção para o versículo onde encontrar-se-ia a centralidade da vida de todo e qualquer cristão. Dizia ele que deveríamos meditar com muito mais seriedade sobre o que Nosso Senhor quis nos dizer quando declarava que Ele nos enviaria como cordeiros no meio de lobos (Lucas X; 3).

E assim estamos; e assim sempre estaremos.

Obviedade das obviedades; sei que o que estou dizendo é a mais patente obviedade, mas, como nos lembra G. K. Chesterton, vivemos num tempo em que as obviedades mais gritantes devem ser lembradas e, mesmo assim, isso não significa que elas serão compreendidas.

E a grande verdade é que perdemos o elã cristão que deveria animar a nossa alma.

Não são poucos os que imaginam que ser cristão seria sinônimo de ser uma espécie de sujeito bonzinho, politicamente correto, certinho, que passa a mão na cabeça de tudo o que não presta para não acabar ficando mal na fita.

Não são poucos os cristãos que maquiam sua fé em Cristo para não ofender o mundanismo reinante; que clamam muito mais pela aprovação e pelo afeto dum mundo corrompido até o tutano do que por dar testemunho perante todos de seu amor a Deus.

Amornamo-nos e nem nos damos conta disso. Acabamos nos reduzindo a meros cristãos de nome, por convenção e formalidade social, não por conversão.

Não mais desejamos amar a Cristo como nos testemunharam todos os santos e santas, mártires e confessores, que procuraram amoldar as suas vidas de acordos com os ensinamentos presentes nos Evangelhos.

Esquecemos, por covardia e comodismo espiritual, que o mundo não irá nos aplaudir por esforçarmo-nos em seguir Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Esquecemos e, ao que parece, não fazermos mais muita questão de lembrar.

Pois é. Essa semana santa que findou está nos lembrando dessas verdades, dessas obviedades ululantes: que o mundo não nos ama da mesma forma que nunca amou, e nunca amará, Nosso Senhor; e que somos pusilânimes amornados que estufam o peito para defender qualquer tranqueira, mas que nos acadelamos quando o assunto é a Verdade que se faz carne para nos redimir de nossa decaída condição humana.

Enfim, é isso. E, considerando o que fora dito acima, hoje não haverá café.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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