Adoro uma boa troça. Não apenas isso. Acredito, sinceramente, que a vida tornar-se-ia uma bosta se o enxovalho e a sátira fossem banidos de nossa vida. Mas atenção! A chacota apenas tem vida quando é feita sem ódio no coração. Quando ela é feita simplesmente por despeito, aí não tem graça não. É apenas um troço pra lá de feio. De mais a mais, falar mal de outrem, simplesmente porque temos ódio do caipora, não nos torna um herói. Apenas faz de nós um palhaço, sem graça ou maquiagem. E tem outra: a fronteira que separa a sátira do ataque vil é mui estreita. Estreita pra burro. E os palanques desta delicada cerca estão firmados entre o coração de quem as escreve e na alma daquele que as lê. Enfim e por isso que não são poucos os que se estrepam no arame farpado que estabelece esse delicado limite.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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