Os médicos mastologistas chamam de alterações funcionais benignas da mama (AFBM), já os leigos conhecem como "displasia mamária". O fato é que os especialistas garantem que essas alterações não constituem uma doença e não podem virar um câncer, mas devem receber tratamento e as pacientes devem ser orientadas. As alterações, que acometem cerca de 70% das mulheres na faixa etária entre os 25 anos até a menopausa, podem ser acentuadas dependendo das características emocionais, tipo de glândula (densidade) e sensibilidade hormonal e dolorosa da mulher. O diagnóstico é feito pela história e exame físico, sendo que os principais sintomas estão relacionados com o ciclo menstrual e mais ainda no pré-menstrual. "Quando a paciente está com ’displasia mamária’, ela logo percebe porque as mamas ficam mais sensíveis e conseqüentemente doloridas e inchadas", explica o professor doutor José Francisco Rinaldi, mastologista, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz. Segundo o médico, algumas das alterações perceptíveis são o aumento no volume da mama com o aparecimento de nodulações próximas às axilas. Pode ocorrer formação de cistos, que nada mais são do que cavidades fechadas onde se acumulam líquido, sensibilizando os nervos da mama e o aparecimento da dor. Após a identificação dos sintomas e palpação das mamas, exames complementares de imagem poderão ser pedidos, tais como ultra-sonografia e/ou mamografia. Esta última, em geral, é solicitada após os 35 anos, para elucidar o diagnóstico e até mesmo afastar uma doença maligna. "O tratamento se baseia principalmente em esclarecer e tranqüilizar a paciente quanto às alterações da função da glândula", afirma professor Rinaldi. Algumas medidas caseiras e dietéticas, de acordo com o especialista, ajudam a minimizar o desconforto mamário, embora não haja consenso científico a respeito: • diminuir o consumo de sal e de alimentos em conserva no período pré-menstrual (porque eles causam retenção de líquidos), reduzir a cafeína (café, chá preto e mate) e doces. • ingerir alimentos que estimulem a eliminação de líquidos pelo organismo, como morango, melancia, alcachofra, aspargo, agrião e salsa. • ingerir alimentos ricos em vitamina E, que reduzem a dor nas mamas, entre eles gérmen de trigo, soja, óleos vegetais, nozes, alface, rúcula, espinafre, cereais integrais e ovos. • ingerir alimentos ricos em magnésio, que ajudam a reduzir o inchaço que às vezes acompanha o período pré-menstrual, como figo, amêndoas, banana, sementes, cereais integrais e frutos do mar. • tomar banhos mornos, deixando a água cair devagar sobre as mamas, ou fazer compressas com bolsa de água morna, podem proporcionar alívio para a dor exercícios físicos com regularidade. "O tratamento medicamentoso fica para os casos individualizados, com sintomas de moderado a grave. São medicamentos de consenso discutível quanto a sua ação efetiva, como diuréticos e vitaminas A, E, B6. Já o que tem comprovação científica e cuja eficácia foi avaliada é o ácido gama-linolênico e o tamoxifeno", afirma professor Rinaldi. Vale lembrar que nos casos selecionados em que o componente emocional prevalece, doses pequenas de antidepressivos, como fluoxetina, podem trazer bons resultados.
|