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Opinião
26/07/2019 - 07h29
O salário e a segurança do policial
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A questão salarial dos policiais militares é crucial. Mesmo em Brasília, que pratica os maiores valores, existem muitas reivindicações. Em São Paulo, o estado de maior força econômica, os PMs têm o 9º nível de salário do país, superado em valores pelos vizinhos Minas Gerais e Paraná e até pelos pequenos como Rondonia e Sergipe. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mesmo com centros populosos e problemáticos, ocupam a 24ª e 25ª posições desse ranking. Ressalte-se que nos estados onde o nível salarial é maior, como Goiás (2ª), Tocantins (4ª) e Espírito Santo (5ª) ainda não é o ideal, mas está mais próximo.

O policial militar - seja ele da infantaria ou bombeiro - é um profissional específico. Sua jornada começa por um curso de especialização para depois ir atuar na prevenção e combate ao crime e sinistros. Submetido ao regime militar, onde não lhe é facultado o direito de greve e nem institutos trabalhistas - horas-extras, gozo de feriados, poder faltar ao serviço, Fundo de Garantias e outros - ele, também não dispõe do direito de rejeitar tarefas perigosas ou insalubres. E todos são conscientes disso, vivendo uma vida própria da classe, composta prioritariamente por vocacionados.

No seu dia-a-dia, o policial contraria interesses, especialmente os dos criminosos. Por isso é visado e não raramente perseguido e até morto em emboscadas. Isso o torna diferente dos demais trabalhadores, pois a necessidade de segurança aumenta suas despesas. Ele não deve servir-se do transporte coletivo e nem morar em regiões problemáticas, visto que pode ser vítima de vingança por aquilo que faz no cumprimento do seu dever de oficio. Por isso, tem de poder adquirir seu veículo, sustentá-lo e ter recursos para morar com relativa segurança. Os salários, cada dia mais achatados (em São Paulo nem a reposição inflacionária tem sido aplicada), o têm impedido de zelar da própria segurança quando, paradoxalmente, no trabalho, é o defensor da segurança de toda a sociedade. Isso o leva ao bico (trabalho normalmente perigoso prestado irregularmente a terceiros e tolerado pela corporação) e a uma série de problemas que, as pesquisas científicas comprovam, o tornam infeliz, doente e deprimido. Essa dicotomia é uma das responsáveis pelo grande índice de desajustes familiares, problemas físicos, psicológicos e mentais e, até, ao suicídio, esse grande mal que aflige a classe.

Os governadores, na condição de empregadores dessa classe tão específica, precisam compreender o drama vivido por suas tropas e fazer o máximo para que o policial possa, na sua vida pessoal, pelo menos, manter o padrão de segurança que, com o seu trabalho, presta à sociedade. Apesar dos seus discursos de campanha e das falas em tese, até o momento não observamos nenhuma ação concreta do governador João Dória para resolver a grave crise salarial que se abate sobre a classe. Por maiores problemas que tenha o estado em suas finanças, é importante pontuar que, mesmo sendo altamente profissional e cumpridora de sua missão, a classe vive momentos dramáticos e clama pela mais rápida solução antes que mais profissionais e vidas sejam alijados prematuramente.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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