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Opinião
28/07/2005 - 07h56
O impeachment de Lula
Ipojuca Pontes - MSM
 
"Não se conhece na história nenhum comunista que tenha renunciado ao poder depois de alcançá-lo" Elia Kazan, cineasta

Diante da indignação geral da população e da pressão exercida pelas diversas forças políticas do País, especialmente a partir do choque moral provocado pela CPI dos Correios, o chamado Campo Majoritário do PT elaborou documento com o objetivo de abrir o urgente debate em face do plausível impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva. A questão será discutida em âmbito interno na milionária sede do partido em São Paulo, entre os dias 6 e 7 de agosto, durante mais um encontro do diretório nacional. Embora considerado extemporâneo, o estudo, de acordo com os atuais dirigentes da agremiação, estabelece iniciativas "estratégicas" de curto prazo visando à mobilização dos líderes do partido e de seus militantes "na defesa do governo Lula" (só para lembrar, nos últimos 12 meses foram inscritos no partido 800 mil filiados).

Observadores atentos admitem que os dirigentes do PT partem do conhecimento ainda não divulgado de fatos comprometedores que vinculariam diretamente o mar de lama ao presidente Lula da Silva, quem sabe, por exemplo, um escândalo centenas de vezes mais explosivo do que o caso do Fiat Elba, o elo fatal que detonou Collor de Melo do Palácio do Planalto, em 1992. De fato, não seria apenas o conhecimento do acúmulo de ilícitos que vincularia o uso criminoso dos dinheiros públicos ao Planalto mas, sim, a confirmação pura e simples da atuação de uma vasta rede de corrupção acionada pela antiga cúpula do PT no governo para, em prazo curto ou médio, consolidar a materialização do "sonho possível do socialismo pós-castro em toda a América Latina". De resto, neste particular, não se pode acusar o ex-metalúrgico de pouca ambição, visto que suas constantes escaramuças ao lado de tipos do porte de Hugo Chávez - o coronel "bolivariano" - e do próprio Fidel Castro - o tirano secular do Caribe - só tendem a confirmar o projeto da implantação de um regime totalitário, muito distante de qualquer processo de "mexicanização", no continente sul.

Muito bem. Diante de tais evidências, a pergunta que se faz é a seguinte: o que tramaria a executiva do PT (e sua militância) na defesa do governo Lula em face do presumível pedido do "impeachment" presidencial? Quais estratégias seriam adotadas pelos dois segmentos partidários para enfrentar o legítimo pedido de destituição de Lula - mediante previsível deliberação do legislativo - por prática de crime de responsabilidade?

A julgar pelo que já foi insinuado em gestos e palavras por Zé Dirceu, Delúbio Soares, Silvinho Pereira e, em artigo recente, por Plínio de Arruda Sampaio (além do próprio Lula, de resto, em discurso aos transportadores de veículos em S. Bernardo), só restaria ao PT, uma vez entendido o impeachment como manobra das "elites" para apear o presidente do poder, a deliberação - moeda recorrente no "assembleísmo" dos partidos que veneram a "luta de classes" - de se mobilizar os "movimentos sociais" para resistir, até mesmo pelas armas, ao que já é considerado mero "golpe da direita". Contra tal palavra de ordem, no entanto, parecem atuar ação e descrença de setores dissidentes do próprio PT, que contestam a política econômica do governo Lula, e o MST que, pela voz do facinoroso Stédile, aparentemente se recusa assumir o papel de massa de manobra.

O mais curioso em tudo tem sido o tom de cautela, ou pelo menos de ambigüidade, adotado pelas lideranças dos partidos de oposição. Na prática, tanto PFL quando PSDB insistem em apreciar o impeachment de Lula como a conseqüência natural do processo de desgaste do governo, a partir das investigações das diversas CPIs em andamento, que levariam de forma automática a novos fatos criminosos diretamente ligados à presidência da República. Trata-se, no caso, de uma cautela típica de políticos que ainda acreditam na "revolução passiva" de Antonio Gramsci, "Il Gobbo" (o "Corcunda") ou, quando não, na eficiência do Estado, o "monstro frio" de Nietzsche, como instrumento de desenvolvimento, paz e justiça social.

O fato concreto é que Lula da Silva está a merecer o impeachment não apenas por estar solidário com o esquema mafioso visando à própria perpetuação no poder, mas por representar, ele próprio, com suas negaças, manipulações, carências e mentiras de toda ordem, o que de mais nefasto gerou a esquerda brasileira especializada em mitificar o obreirismo cego como símbolo de um valor em si, a fomentar a desvairada compreensão da Potência (matéria em transformação) como Ato (a emanação divina). Sem dúvida, um equívoco brutal, claro, pois o ex-operário, de formação moral inteiramente distorcida pelo exercício da prática sindical desenvolvida num regime de exceção, terminou por se revelar, como presidente da Nação, um falso mandatário, ou seja (aqui, royalty para o cacoete lulista), num solene Impostor.

Sim, é exatamente por ter se revelado um impostor que o falso mandatário Lula da Silva deve enfrentar - tal como Collor de Melo - um processo de impeachment. A estratégia da oposição de ir levando e de empurrar com a barriga não convence e em nada colabora para o amadurecimento político do País. Até porque a maioria da população brasileira começa a esgotar a paciência com o "companheiro" Da Silva e não tolera mais seus humores aquosos, seus truques baratos e os infindáveis improvisos de mau gosto. No simples examinar do custo-benefício, o atual presidente não vale a mordomia que usufrui.

É finito.


Nota do Editor: Ipojuca Pontes é cineasta, jornalista, escritor e ex-Secretário Nacional da Cultura.

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