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Opinião
20/08/2019 - 05h03
As boas brasileiras
Montserrat Martins
 

O Presidente chamou de “maus brasileiros” aqueles que divulgam que está aumentando o desmatamento da Amazônia o que, segundo ele, não é verdade. Essa medida é feita pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), criado em 1961 e desde então referência científica. O Diretor do INPE foi exonerado do cargo agora, em agosto, após o relatório de julho que informava o aumento do desmatamento.

Segundo o Presidente, a notícia prejudicou os negócios do país. A Europa, por exemplo, quer que o Brasil siga o Acordo do Clima para fechar o acordo comercial entre a Europa e o Mercosul. E a preservação da Floresta Amazônica é fundamental para o clima do planeta, pois sua devastação acelera o aquecimento global, o derretimento das calotas polares, o aumento do nível do mar e a amplitude térmica (mais frio no inverno e mais quente no verão).

Com satélites de inúmeros países sobrevoando o planeta, como seria possível evitar a informação do desmatamento? Há satélites americanos, russos, chineses, europeus, que sabem tanto ou mais que nós, sobre nosso território.

Lembro da minha mãe desde pequeno me ensinando que “nunca me esconda nada, por pior que seja”. Não que eu não tenha tentado esconder, mas ser descoberto é pior, é uma derrota moral, então é melhor ser sincero antes. De onde viria a lógica, então, de que divulgar dados científicos é ser “mau brasileiro”, como se pudéssemos “tapar o sol com a peneira”?

Minha tese sobre a eleição do Presidente é o sentimento de revolta popular contra o crescimento da criminalidade no país. Governos anteriores tinham o discurso de “tirar milhões da linha de pobreza”, mas a criminalidade aumentou, chegando a 60 mil homicídios por ano. O sentimento popular (segundo minha tese) é de que precisava alguém “linha dura” no poder, para combater os bandidos.

Voltando ao desmatamento, mais de 90% deste é ilegal, ou seja, passível de combate pelo governo. Porque então um governo linha dura não combate esses bandidos? Entre os que não querem a repressão aos crimes ambientais estão grandes ruralistas, mineradoras, grileiros, garimpeiros, ou seja, pessoas de grandes posses ou nem tanto que estão empenhadas em enriquecimento rápido e predatório, derrubando florestas e matando índios para se apossarem das terras.

Um governo eleito para combater bandidos não poderia ter “bandidos de estimação”, não é mesmo? Então só resta inverter o discurso e chamar de “maus brasileiros” os que divulgam dados científicos do desmatamento, como a criança da fábula que disse “o Rei está nu”.

Boas brasileiras, nesse caso, serão as baratas, pois a crise do clima só acaba com as condições de vida humana. As baratas vão sobreviver.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do EcoDebate, é psiquiatra, autor de “Em busca da alma do Brasil”. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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