Estou numa fase tipo nostálgica, ouvindo muitas músicas que me fazem vibrar de saudade e me emocionam. São muitas as músicas. Graças a Deus. Nem todas estão em pendrive. Várias ainda estão gravadas em velhas fitas cassetes e ouço-as num velho som Toshiba.

Uma dessas músicas (que adoro) é, salvo engano, de Violeta Parra. Quem primeiro cantou essa música, pelo menos que eu ouvi pela primeira vez, foi Mercedes Sosa, mas, confesso, que mesmo admirando a grande e saudosa cantora, gosto mais de ouvir essa música cantada pela melhor cantora brasileira de todos os tempos, Elis Regina. A música é "Gracias a la Vida". Há um verso nela que me emociona paca. Vou tentar traduzi-lo: "Graças a vida que me deu tanto / me deu o riso e me deu o prato / E assim distingo fortuna de quebranto / os dois materiais que formam o meu canto...". Essa música era um dos hinos da esquerda, a compositora combatia a ditadura no seu país. No Brasil também vivíamos num regime ditatorial. Essa música não tocava nas rádios e nem na televisão.

Sempre que ouço a música na fita no velho gravador cansado de guerra, na voz de Elis Regina, meus olhos marejam quando ela canta esses versos:

"Gracia a la vida que me ha dado tanto; me deu dos luzeros que quando los abro / Perfecto distingo lo negro del blanco / Y en alto del cielo su fundo estrellado..."

A música faz recordar e retempera as forças. A música ilumina a alma da gente. Juro. Inté.