Na vida todos temos que ser humildes. Tudo bem, é normal um pouco de vaidade. Sei também que os ricos e poderosos possuem o mando, decidem, ordenam, vivem à tripa forra. Compreendo as desigualdades e sempre lutei contra elas. Tenho uma certeza: ninguém é eterno e nem fica pra semente. A finitude, portanto, nivela a todos. Certo? Absolutamente certo, o que não invalida a luta dos menos favorecidos por melhores dias. Ficar apenas achando que os ricos e poderosos vão também se findar é alienação. Mas eles mesmos deveriam pensar no "depois". Sim, no que virá após a vida terrena. Os ateus não têm esse problema, para eles morreu, acabou, e priu. Mas os ricos e poderosos se dizem cristãos, né mesmo? Assim sendo, uma pergunta não pode calar: - E se houver outro plano de vida e a tal salvação depender das ações praticadas na vida terrena? Não seria melhor ser mais humilde e mais humano? Nada como lembrar um advertência antiga: "Devagar com o andor que o santo é de barro e pode se quebrar". Fiz esse arrodeio todo para falar sobre um amigo meu do sertão, compositor e violonista amador que fez uns sambinhas que gosto muito e um deles é "Devagar com o andor". Transcrevo a letra: "Devagar com o andor / Que o santo é de barro / E pode se quebrar / Sossegue sua periquita e seu ardor / Vá logo tirando o seu carro / Senão vai se ferrar // Só pegue na rodilha se puder com o pote / Pra não cair na armadilha / E arranhar o cangote // Humildade, doutor almofadinha / É como caldo de galinha / Só faz, creia, bem / Deixe a ficha cair / Você é só mais um / Em meio à multidão / Cuidado para não se iludir / A ambição não tem salvação / Nem tem perdão / É o caminho da perdição // Devagar com o andor...". O amigo é apenas amador, mas gosto paca das suas músicas. Não é político. A sua política é a música. Inté.
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