Hoje é domingo, não vou falar em política, acho que pelo menos aos domingos devemos maneirar, estou me preparando para, contrariando recomendações médicas, degustar uma feijoada nos trinques e tomar uma meia dúzia de lapadas de Pitu Gold na casa de um irmão. E lá o papo só gira em torno de nossas saudades do passado. Não, não vai rolar politica. Juro. Mas vamos ao assunto desta mal traçada. Apesar das minhas limitações na área intelectual e cultural, li grande parte das obras-primas da literatura, sobretudo romances. Li Tolstói, Hemingway, Dostoiévski, Machado de Assis, Cervantes, Malraux, Sartre, Sthendal... Cheguei até a ler alguns dos volumes de Proust, mas o Ulisses de Joyce não consegui. Nem abri sequer A Montanha Mágica de Thomas Mann. E frustração das frustrações, quase não termino Grande Sertão: Veredas. Bom, mas que desejo colocar é uma confissão: de vez em quando fico pensando com meus botões que hoje nem Tolstói e nem Cervantes conseguiriam escrever Guerra e Paz e nem Dom Quixote. Não escreveriam porque não teriam tempo. Simplesmente porque hoje não há mais a paz e aquele sossego de antigamente, do tempo que viveram. Hoje não sobra tempo para se escrever esse tipo de romances. Mesmo o escritor se retirando para uma espécie de aldeia como era a Isnaia Poliana de Tolstói, hoje ela estaria conectada a mundo, haveria a internet, as redes, a Netflix e o escambau de opções e agendas para tomar tempo dos escritores. Ambos virariam autores de novelas, consultores, palestrantes... Mas devo estar cometendo asneiras. Vou ficando por aqui, me reparando, repito, para degustar uma feijoada completa e tomar umas lapadas de Pitu Gold. E priu. Inté.
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