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Opinião
24/10/2019 - 06h31
Na ação policial, o perigo é a obrigação de atirar
Marco Antônio Barbosa
 

Segundo a 13ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, feito por pesquisadores do Fórum e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), onze em cada cem assassinatos foram causados por policiais em 2018. Somente no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento do Portal G1, o país teve 2.886 mortes causadas por policiais. No Rio de Janeiro os números batem recorde e chamam a atenção, como no mês passado quando Agatha Moreira, de 8 anos, foi morta no Complexo do Alemão.

Mas devemos realmente culpar o policial que aperta o gatilho sem ao menos questionar as políticas públicas que o levam a obrigação de matar?

O discurso de bandido bom é bandido morto é bastante nocivo e afeta os dois lados da mesma moeda: os moradores das comunidades e os policiais.

No meio do fogo cruzado, os moradores destas localidades são as primeiras vítimas. Sem políticas públicas como incentivo à educação, saúde, moradia e saneamento básico, estes se veem à margem da sociedade e sem alternativas às favelas. Um prato cheio para o tráfico, seja para utilizá-los como mão de obra, seja como escudo humano.

Mas não podemos esquecer dos policiais. Com salários miseráveis, estruturas pífias e sem nenhum acompanhamento psicológico. Este último é o gatilho antes do tiro.

O Estado pinta um cenário de devastação e luta armada. Entretanto, sem inteligência e, principalmente, sem uma estratégia vinda das esferas mais altas do poder, podemos vencer uma batalha e perder outras, mas nunca acabaremos a guerra.

O que faz o governo achar que subindo o morro acabarão com o tráfico? As plantações de coca e maconha estão em cima das favelas? Como essa droga chega até a comunidade? Primeiramente seria importante ter uma política integrada de combate nas fronteiras, mapeamento do dinheiro e contas bancárias do tráfico. Aí está o ‘x’ da questão. A luta no front é um paliativo. Corta-se a cabeça do dragão, mas nascem outras. É preciso atingir o coração.

Outro ponto é a forma como é instruída a nossa polícia. Ela precisa ser educativa em um primeiro momento para depois ser repreensiva. Em um local permeado por bandidos e inocentes é preciso muito sangue frio para distinguir e prender antes de atirar. É importante salientar que atirar deve ser uma prerrogativa, mas não a primeira.

O problema de prender no Brasil é colocar esses criminosos em cadeias lotadas que servem como Universidades do Crime. Entra um ‘aviãozinho’ e sai um traficante inserido em uma facção criminosa. O sistema judiciário precisa agir rapidamente e auxiliar a polícia. Investigação, prisão e punição para inibir e dificultar o crime organizado, que não tem esse nome por acaso. Sempre se reinventa nas brechas do sistema. Por isso, o sistema precisa ser rápido e flexível também, fugindo das burocracias.

Dentro de todas as dificuldades, existe o policial que acredita estar em uma guerra onde ele é o lado do bem, munido do discurso ‘atira primeiro e depois pergunta’, sem salário, sabendo que o lado mal está armado e não vai perdoá-lo. O cenário para um massacre de inocentes está montado.

O governo deve orientá-los e não os incentivar. Dar alternativas. A responsabilidade de atirar mata inocentes, mata a sociedade e mata também os policiais. Todos perdem. Somente ganha quem realmente controla o crime organizado. E estes não estão nas comunidades, mas sim no poder.


Nota do Editor: Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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