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Opinião
29/10/2019 - 06h10
Fake (old) news
Paulo Caus
 

Uma breve pesquisa ao Google Trends pelas estatísticas do termo fake news apresenta uma informação interessante: a expressão teve uma verdadeira (e até o momento irreversível) explosão de utilizações ao final de 2016, época das eleições americanas que tiveram como vencedor Donald Trump, tido por alguns como o responsável por cunhar esta expressão.

Não é difícil realizar esse tipo de equívoco, afinal de contas, antes das declarações e tweets do atual presidente americano, muitas pessoas nunca tinham sequer ouvido essa expressão. Porém, tanto a existência das fake news quanto a expressão em si, já existem há muito tempo.

O dicionário inglês Merriam-Webster remonta a utilização do termo ao final do século XIX. Talvez para alguns isso ainda pode indicar que essa adição ao vocabulário tenha sido recente, mas isso é culpa da utilização da palavra ‘fake’ (falso) como adjetivo ter acontecido somente ao final do século XVIII. Mas como, obviamente, as fake news existem desde antes disso, qual era a expressão utilizada? False news é uma expressão que pode ser encontrada em textos do século XVI!

Dessa forma, fica mais fácil aceitar que as notícias falsas são algo presente no mundo desde muito tempo - infelizmente. Não são fruto somente do acirramento das disputas políticas nos EUA, Brasil e no mundo. Mas será que podemos dizer que as fake news tiveram o seu alcance e ocorrência potencializados pelo alcance e relevância de um post nas redes? Provavelmente sim. Não é necessário mobilizar dezenas de TVs, com todo aparato para transmissão ao vivo para colocar para o mundo inteiro a sua opinião sobre qualquer coisa ou noticiar qualquer fato. Basta uma conta nas redes sociais com um bom número de seguidores ou uma lista de distribuição no WhatsApp.

Trazendo essa questão para o mercado financeiro, onde a precificação dos ativos se altera sempre dependendo do caminhar de uma série de fatores, o impacto das notícias como um todo é inegável. Existem, inclusive, punições para quem faz mau uso de notícias, como nos casos de insider information - uso de informações relevantes (que causem impacto) sobre empresas ou sobre o mercado como um todo que são utilizadas antes de irem à público - por exemplo.

E as fake news? Imaginem se o resultado da prévia das eleições argentinas, ocorrida em agosto deste ano, colocando Alberto Fernández à frente do candidato e atual presidente Maurício Macri - que fez com que a bolsa argentina caísse mais de 40% em um dia e os títulos do tesouro do país fossem precificados de forma a refletir uma alta probabilidade de calote - não passasse de uma notícia falsa e no dia seguinte, ou durante o mesmo dia, os investidores tivessem que repensar todas as escolhas que fizeram com aquela informação e tomar atitudes contrárias às tomadas anteriormente. Imaginem o volume de prejuízos que teria ocorrido em um curto espaço de tempo para praticamente todos os participantes do mercado (lembrando que essa notícia gerou impactos inclusive na bolsa brasileira).

Pensando em situações extremas como essa, os participantes do mercado que movimentam grandes volumes, instituições financeiras, fundos de investimento, fundos de pensão, entre outros, utilizam como fonte de dados o serviço (pago) de agências de notícias que procuram por conta própria o máximo de informações sobre diversos assuntos. E têm um rigoroso processo de checagem de fatos para evitar ao máximo propagação de inverdades. Portanto, com todo esse esforço em torno de se obter a informação correta, as fake news não se sustentam por muito tempo no mercado financeiro, dificilmente causam grandes e definitivas oscilações nos preços.

O serviço prestado por tais agências de notícias dedicadas à divulgação de informações corretas da maneira mais ágil tem se tornado cada vez mais relevante em um mundo onde as fake news ganharam nome e relevância. Portanto, arrisco dizer que o maior impacto dessas notícias falsas seja o aumento do preço da informação. Quanto mais fake news, maior a demanda por confiança nas notícias que são recebidas e mais difícil é para as agências definirem o que é verdade do que não é, por isso, naturalmente, o próximo passo é pensar que o valor do serviço prestado por essas empresas tende a subir neste cenário.

Talvez os maiores prejudicados são os pequenos investidores pessoa física, que não têm a mesma estrutura para tomada de decisão dos grandes participantes do mercado financeiro, e, assim, podem acabar sendo influenciados por notícias falsas e com isso tomar decisões ruins, baseados em inverdades.


Nota do Editor: Paulo Caus, economista e sócia da 3ª Investimentos.

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