A Constituição de 1988 foi generosa na concessão de direitos gerando cláusulas pétreas que fizeram com que os cofres do Tesouro minguassem de recursos. Resultado é que o texto constitucional tornou-se inexeqüível, fazendo com que a União cobre do cidadão quase cinco meses de trabalho em forma de impostos e contribuições sem, no entanto, conseguir devolver à sociedade algum benefício condizente com o dinheiro arrecadado. Neste quadro, o que se vê é uma economia sufocada por um lado e uma corporação que não quer largar os benefícios que, apesar de legais, beiram quase a imoralidade. No recente Fórum da Liberdade, realizado em Porto Alegre, tivemos a visita do professor Mauricio Rojas, economista que leciona na Suécia. Em depoimento dado à imprensa local, o professor relatou as distorções que o welfare state (estado de bem-estar) tem sofrido. Segundo seus relatos, o cidadão sueco recebe grande ajuda do Estado, com direito a saúde, escola e uma proteção generosa para os desempregados que tem à disposição apartamento, comida e todas as coisas que um ser humano necessita para viver. Desta forma, há pouco incentivo para as pessoas trabalharem e por isso se explica o número de doentes que matam o trabalho ou ficam esperando ajuda do governo, apesar do povo sueco de gozar de excelente saúde, segundo estatísticas locais. Pois aqui no Brasil, os constituintes criaram uma situação insustentável e o que vemos é um Estado perdulário que não consegue sustentar os inúmeros direitos oferecidos a população. Até pouco tempo atrás, tínhamos professores se aposentando aos 45 anos ou o caso das "filhas solteiras". Mais recentemente, encontramos desvios do Bolsa Família, com gente recebendo recursos sem a mínima necessidade ou brancos se passando por pretos para conseguir vaga com mais facilidade nas universidades. O que estes fatos deixam claro é que sempre que o Estado tenta resolver algum problema sem atacar a causa a fundo, remediando tipo um curativo superficial, acaba criando sérias distorções pois o ser humano quando vislumbra a possibilidade de conseguir alguma vantagem consegue, de alguma forma, ludibriar o sistema. Assim é no Brasil ou na Suécia. Nota do Editor: Marcelo do Vale Nunes é Administrador de empresas, especialista em marketing.
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