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Opinião
17/11/2019 - 06h45
Chile: arde Santiago?
Rene Berardi
 

Quem podia imaginar que o modelo chileno, exemplo para muitos países no mundo, era um vulcão em ebulição, mas ninguém esperava que explodisse. Se dizia que este modelo democrático não apresentava fissuras, pois a estrutura econômica era quase perfeita. Esta perfeição era “para inglês ver”, preparada para não mostrar defeito nenhum, pelo contrário, era o paraíso dos empreendedores e imigrantes latinos.

Mas o vulcão explodiu, o que não parecia estranho para um país acostumado aos “tremores sismológicos” diários. Mas a lava do vulcão não aguentou mais ficar submersa dentro dele, esperou uma pequena fissura, 30 pesos, e começou a sair pela boca. Onde estava a falha deste perfeito modelo? Podemos identificar alguns fatores que existiam, mas não eram considerados pelo comando político institucional:

1. Empobrecimento massivo da classe média e baixa (90%) pelo excessivo encarecimento das tarifas públicas, pedágios, remédios e educação;

2. Não sanção para os casos de corrupção contínuos dos empresários e políticos, ou seja, a falta de uma “lava jato”. As sanções para os culpados eram assistir a um curso de ética;

3. Centralização excessiva do Estado sobre as regiões, onde para mudar o trânsito de uma rua deveria ser aprovada pelo ministério dos transportes;

4. Incapacidade de solucionar o conflito com os povos indígenas (mapuches);

5. Incapacidade de controle do tráfico de drogas que domina amplos bairros de Santiago;

6. Endividamento “de por vida” dos estudantes ao terminar seus estudos universitários, enfrentando um mercado competitivo e de baixos salários;

7. A previdência “privada” está gerando uma massa de chilenos que beiram a extrema pobreza, faz o alto valor dos remédios (os mais altos da América Latina);

8. O voto não obrigatório tem gerado uma classe política insensível às demandas sociais da população, mas muito sensível à corrupção e aos altos salários: o salário integral do senador é US$ 40 mil e o salário mínimo US$ 500.

Todas essas razões e mais outras não podiam manter um modelo “perfeito” como se falava, pois macroeconomicamente apresentava indicadores de primeiro mundo, mas microeconomicamente mostra padrões de terceiro mundo. Deve-se mudar a estrutura macro institucional e econômica, onde não pode seguir existindo que 5 famílias controlam 90% do PIB e o resto “se vira” diariamente no metrô.

As mudanças chegaram para ficar, onde os atores desta mudança não estão no Palácio de La Moneda e, muito menos, no congresso e nos grupos econômicos. Eles estão na rua ou viajando de metrô, onde todos são iguais.


Nota do Editor: Rene Berardi é doutor em sociologia e atua como professor do ISAE Escola de Negócios (www.isaebrasil.com.br).

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