14/09/2025  08h02
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
05/08/2005 - 07h54
Juros e inflação: um impacto direto no seu bolso
Cláudio Boriola
 

Após alguns anos de turbulências e instabilidades na economia brasileira, o Plano Real completou com sucesso onze anos de existência. A moeda forte e estável deixou para trás rastros em alguns setores econômicos que não acompanharam os reajustes de preços de uma inflação acumulada em 161%. Sentimos o impacto nos dias de hoje afetando os bolsos do consumidor, que permanece órfão, fragilizado e sem perspectiva de repor as grandes perdas.

Desta forma podemos afirmar que o plano foi ótimo para a estabilização da nossa economia, porém, continua prejudicando todas as camadas sociais e impedindo o crescimento sustentável. As divulgações diárias dos índices econômicos são positivas ou tentam nos transformar em brasileiros esperançosos e otimistas.

Para melhor entendimento, destacamos o salário mínimo, que no último dia primeiro de maio “hipoteticamente” aumentou 15% = R$ 40,00, passando de R$ 260,00 para R$ 300,00. A conta de telefone fixo aumentou, por exemplo, 710%; o gás de cozinha, 497%; o cartão telefônico, 285%; energia elétrica, 262%; tarifa postal, 285%; gasolina 295%; planos de saúde, 331%, sem contar o que pagamos de juros mensalmente. Onde se refletem todos os impactos? É claro que é no bolso!

A inflação poderá encerrar este ano próxima de 5,1%, a ambiciosa meta perseguida pelo Banco Central (BC), o que era considerado praticamente impossível há poucos meses. Com o impacto do câmbio sobre os índices de preços e a expectativa de que o dólar suba pouco até o fim do ano. As projeções do mercado caíram de 6,39%, em maio, para os atuais 5,67% e há apostas de que já cheguem a 5,4%.

Por que a população não consegue viver sem fazer empréstimos, comprar no crediário, utilizar o cheque especial, antecipar o décimo terceiro salário, vender a janta da semana passada para comprar o almoço de amanhã no crediário? Todos os dias recebemos informações de que as taxas de juros no Brasil são as maiores do mundo. O Copom anunciou no último dia 20/06 a manutenção da taxa Selic em 19,75% ao ano sem viés, pela segunda vez consecutiva. De setembro a maio, a taxa subiu 3,75 pontos percentuais. Comparando a taxa Selic com a inflação esperada para os próximos 12 meses, de 4,97%, o juro real brasileiro está em 14,1% - o maior do planeta, sem contar que a inflação e o desemprego geram também a inadimplência no comércio.

Enquanto isso, a economia interna fica à mercê da desestabilização do crescimento socioeconômico, tornando o brasileiro insustentável. Hoje, os números mostram nitidamente que cerca de 142 milhões de brasileiros estão “exclusos” da sociedade por estarem com seus nomes lançados na lista de inadimplentes, para não dizer maus pagadores, caloteiros ou até mesmo, o uso da frase filosófica "estou endividado".

Futuro presente

A verdade tem que ser dita, e não nos custa nada. Uma vida inteira de trabalho árduo nos proporciona construir um humilde patrimônio, e ao passar do tempo, observamos que tudo isso acaba engolido pelos aumentos dos itens básicos e das altas taxas de juros. Por isso, viver dignamente no Brasil não está sendo tão fácil para alguns homens que ainda acreditam em um país melhor.

Precisamos acordar para a realidade, deixando de lado a hipocrisia e não mais acreditar na existência do “Papai Noel” afinal somos adultos, e o tempo da infância já passou. Muitos aposentados e pensionistas que contribuíram anos para o crescimento do país, hoje são a maioria dos tomadores de empréstimos consignados para o desconto em folha de pagamento, mesmo estando com o nome sujo. Em cada esquina das principais cidades do país existe uma empresa ou instituição financeira/bancária para emprestar dinheiro fácil, com juros altíssimos e fora da nossa realidade. A verdade é única: poucos ganham muito e muitos ganham pouco.

Alguns aposentados chegam a comentar em verdade e com lágrimas nos olhos de indignação: "Precisei do empréstimo porque no posto de saúde não tinha o remédio, e sem remédio eu não consigo sobreviver. Por isso, necessitei fazer um empréstimo para comprá-los"; "Não tem como sobreviver apenas com o que ganho de aposentadoria, as coisas subiram muito e os salários estão todos achatados. Depois de muitos anos de contribuição, necessito trabalhar para comer e pagar as continhas de casa", e por aí seguem os comentários que ouço diariamente no exercício da minha profissão de consultor financeiro para renegociar dívidas.

Realidade imediata

O ser humano é uma fábrica de consumo e não pode ficar sem os principais itens necessários à sobrevivência, tais como alimentação, remédios, água, luz, gás, escola, vestuário etc. Além dos aumentos inflacionários estratosféricos, o país não irá alavancar o crescimento interno, mas propiciará o enriquecimento de muitos que vivem de especulações e exploração dos mais humildes. A população não tem como viver sem o básico!

Infelizmente, não sabemos como sobreviver sem necessitar do uso do limite do cheque especial (taxa média de 8,33% ao mês); do cartão de crédito (taxa em média de 12,96% ao mês, ocorrendo o atraso no pagamento); das emissões de cheques pré-datados (com juros embutidos nos valores das mercadorias - não informados ao consumidor, pelas financeiras que cobram juros de 12% a 23% ao mês); e dos agiotas, que tiram proveito da fragilidade do endividado, cobrando juros de até 30% ao mês.

Precisamos, com urgência, acelerar a implantação da disciplina Educação Financeira nas escolas, para formarmos pessoas conscientes para lidar com o dinheiro, e otimistas para não deixar que o Brasil pratique tantas injustiças sociais.


Nota do Editor: Cláudio Boriola - Consultor Financeiro, Palestrante e Autor do livro Paz, Saúde e Crédito - O livro que vai mudar a sua vida, batizado por Paulo Henrique Amorim como a "bíblia dos endividados", especializado em Administração Financeira, Economia Doméstica e Direitos do Consumidor.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.