Esta cepeí televisada de mensalão e coisas afins, no cenário da Câmara Federal, tem mostrado nova faceta do legislativo sobre que se suspeitava, mas de que não se tinha prova-provada. Do ponto de vista organizacional, as numerosas e bem pagas assessorias dos gabinetes parlamentares se destinam a ajudar na administração do mandato, orientando certas posturas ou aditando dados e informações precisas e confiáveis. Considerável parte das assembléias estaduais e câmaras municipais, se não todas, transformam suas assessorias técnicas em refúgio de cabos-eleitorais, cujas atividades se limitam apenas a alimentar articulações com as bases. Entretanto, não se pode acreditar que no andar de cima do legislativo, a voz maior do povo, isto também esteja a ocorrer. Os conteúdos (sic) das falsas peças oratórias, ora moralizantes, ora fastidiosas, ora mordazes, ora deseducadas, mostram um despreparo primário no processo de exposição de voz e imagem. A cadeia de perguntas seguintes a longas exposições suplicia os que se obrigam a respondê-las repetidamente, onde até caberia um exercício irônico, não fosse a contenção provocada pelos excitamentos verbais para prender só atenções dos desavisados. Pelo que se vê e pelo que se ouve nos cenários destas cepeís, ou suas excelências são mais auto-suficientes dos que aparentam ou as assessorias técnicas não seriam muito diferentes das que infestam outras casas do legislativo nacional. O retardado ramerrão das apresentações da maioria de suas excelências, digo melhor, das suas participações, como "garimpadores" de informações "misteriosas" já de há muito inferidas por meio mundo, dá saudade dos tempos em que o exercício da política partidária exigia coerência de atitudes, domínio da Lógica e cultura humanística. Nota do Editor: Francisco Luz é jornalista.
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