Por mais que eu não tenha dúvidas do envolvimento do Sr. Presidente neste monstruoso esquema de corrupção e no maior atentado à democracia brasileira que já assisti. Por mais que minhas crenças e meu respeito à Constituição e às leis me obriguem a concordar que este envolvimento deve, necessariamente, levar ao impeachment. Por mais estranho que possa parecer o que agora vou dizer, defendo: fica, Lula! Permitam-me explicar o porquê. O que realmente precisa ser discutido e desnudado para a opinião pública não são apenas os crimes deste governo: é um sistema institucionalizado de assalto ao Estado brasileiro e à democracia. Por mais que aqueles que atualmente encabecem este sistema tenham suas criminosas condutas expostas e punidas, o sistema continuará lá - uma máquina que há mais de duas décadas vem planejando e tramando como tomar o poder, implantar o seu tão sonhado totalitarismo e se perpetuar no controle do País. Não nos iludamos: os que agora dirigem o partido eram, até pouco tempo, membros do governo - contribuíram com isto tudo que aí está. Procurando enganar a opinião pública de que estava promovendo uma limpeza na estrutura partidária, o PT apenas trocou "seis por meia dúzia" - e talvez por uma meia dúzia ainda mais perigosa. O que precisa ser desmascarado é um esquema totalitário que controla ao mesmo tempo o MST e o Incra - ou seja, esbulha a propriedade alheia, comete uma série de crimes, usa uma multidão de famintos como massa de manobra e, no final das contas, ainda é pago por isso. Um esquema totalitário que comanda, simultaneamente, um esquadrão de sindicatos, a CUT, o Ministério do Trabalho e uma série de organizações do terceiro setor que funcionam como linha auxiliar de controle da iniciativa privada e do capitalismo (falo, especialmente, do Ethos, do Sr. Grajew e de sua caterva) [1]. O empresariado nacional, aqueles que decidiram construir um país através do trabalho e do empreendedorismo, fica encabrestado, asfixiado. Primeiro, assistem os manipuladores de ocasião alimentarem continuamente a oposição "trabalhadores x patrão", arvorados naquela velha, superada, falsa mas sempre útil teoria da exploração. Depois, 40% do produto de seu trabalho vai para o sustento do governo e dos mais de 50 sindicalistas que o Sr. Presidente presenteou com cargos de alto escalão e que querem, através da Reforma Sindical, dificultar ainda mais o cenário para os que se arriscam a ser empresários no Brasil. Não bastasse isso, após pagar seus impostos, remunerar seus funcionários, quitar suas dívidas com fornecedores, chegam os arautos da culpa social, os vendedores do caos e ajudam a solidificar no imaginário coletivo nacional a idéia de que buscar o lucro é pecado horrendo, que movimentar a economia, gerar empregos, se arriscar e, se tudo der certo, ser remunerado é crime imperdoável (e, claro, sempre apresentam um projeto de "responsabilidade social" para ser patrocinado). Uma máquina totalitária que violentou o Cristianismo com sua "teologia da libertação" (teologia da escravização seria o nome moralmente mais correto, mas apelar para a moral neste caso é inócuo). E amparados nesta doutrina, alimentados pelo insaciável desejo de poder e pela crença de serem os portadores do futuro ou os que iriam construir o "novo homem", aproveitaram-se da fé e da vulnerabilidade das massas incultas para, nas Comunidades Eclesiais de Base, promover a formação de seguidores para a causa. Posteriormente, tentaram se aproveitar da fome para escravizar o semelhante (procurem descobrir mais sobre a Rede Talher e suas cartilhas). Uma rede totalitária que invadiu e controla as universidades e promove um verdadeiro "assalto à mão-letrada" às consciências e mentes da juventude brasileira, sustentando a redoma gramsciana que nos cerca e construindo um fosso abissal entre o que o mundo e o Brasil pensam. Um sistema totalitário que se espalhou pela imprensa, pelos meios de comunicação e que não tem qualquer pudor em promover sua manipulação cultural, contribuindo para embotar a razão aqui por estas terras. A oportunidade que agora se apresenta não pode ser desperdiçada. Restringir aos crimes deste governo as imoralidades e indecências que os arautos do totalitarismo vêm praticando em muito pouco abalará a estrutura que montaram. É preciso que o atual momento seja o início do declínio das idéias coletivistas, totalitárias e estatólatras [2]. Lembrem-se que o maior inimigo da verdade não é a mentira, mas o mito. É preciso que este momento seja o ocaso destes mitos que nos atrelam ao subdesenvolvimento. Está em jogo a real possibilidade de construir a democracia no Brasil. Por tudo isso, é que meu recado ao "homem sem pecados", àquele onde a ignorância e verborragia se fizeram carne para levar o Brasil a um novo patamar de mediocridade política é este: fica, Lula! Impeachment para o Senhor e seus asseclas é pouco. [1] Voltarei a este tema em breve. [2] Explicarei melhor o que significa "estatolatria" em outro artigo.
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