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Opinião
06/08/2005 - 13h28
Cem anos de corrupção
Dartagnan da Silva Zanela
 

O assunto em todos os jornais, botequins, pontos de táxi, barbearias e salões de beleza é um só: a cascata de escândalos de corrupção que assolam a governança petista. Mas, falta um pequeno detalhe nestas conversas que, creio eu, poderia ser bastante interessante para assim tornar melhor a degustação deste angu tomado de caroços.

Ouso apontar que o tipo de corrupção que hoje choca as almas descentes deste país tropical e triste não é do mesmo gênero das manifestações que afloraram tempos passados e também não é similar às que afloram os governos municipais do interior deste grande país de diminutos Estadistas.

A corrupção passada poderia ser facilmente compreendida como um reflexo medonho da famigerada lei de Gerson onde reza que, o que importaria, era apenas o "se dar bem" no final das safadezas. Mesmo com toda a complexidade da estrutura patrimonialista da sociedade e do Estado brasileiro, o que nós tínhamos nestes casos, eram apenas mequetrefes egoístas, grupelhos empedernidos em se dar bem sugando os fartos seios do Estado e que, após o megalomaníaco aumento da carga tributária, estão mais fartos do que nunca.

Trocando em miúdos, o que essa Gilda de biltres que nos governavam até então fazia apenas era um jogo covarde de toma lá da cá com vistas à manutenção exclusiva de seus privilégios e nada mais. Temiam a possibilidade de uma danação irreversível, pois sabiam que estavam cometendo era um ato de contravenção ou, em língua luza bem clara: sabiam que estavam afanando o erário público e, que isso, lhes propiciava uma noção clara de limites frente a lambança orçamentária.

Tipo diverso é o que temos hoje, com a caterva que está encastelada no Palácio do Planalto que, alias, é mais perigoso que o descrito anteriormente e lhes digo a razão deste dito. Ao contrário dos meliantes engravatados que até então conhecíamos, estes, também engravatados e com o adicional de uma estrela vermelha na lapela, não acreditam de modo algum que estejam cometendo um crime quando estão a usurpar o erário público, não mesmo. Aliás, vêem-se como vítimas de um esquema criminoso articulado pela direita reacionária para desestabilizar o governo popular do Molusco da Silva. Ora, como explicar um fenômeno como este?

Poderíamos apontar para os preceitos éticos leninistas que fervilham nas cabeças de muitos militantes desta doutrina política que, maquiavelicamente, reza que todos os atos que são desencadeados em nome da revolução são justificáveis pela grandeza da própria revolução. Pode-se assaltar um banco (como faziam o MR8, VPR etc.), seqüestrar pessoas (como o fazem o MIR chileno), invadir propriedades produtivas, traficar drogas para sustentar atividades para-militares (como o fazem as FARC) e comprar deputados fisiológicos a rodo com erário público etc. O que importa é o fim a que se almeja, não os meios que são utilizados.

Mas o problema não se restringe apenas a isso. O buraco é mais embaixo. Os militantes desse matiz ideológico sofrem, de um modo geral, de um difuso narcisismo que, em seu estado absoluto, assemelha-se a um estado de psicose. A pessoa chega em um estado deste, segundo Eric Fromm, quando: "[...] rompe toda a ligação com a realidade externa e tornou-se, ela própria, o substituto da realidade. Está inteiramente cheia de si mesma, tornou-se ’Deus e o mundo’ para si mesma. [...] Pode-se igualmente identificar o narcisista por sua sensibilidade a qualquer gênero de crítica. Essa sensibilidade pode ser expressa negando a validade de qualquer crítica, ou reagindo com raiva ou depressão". (O CORAÇÃO DO HOMEM - seu gênio para o bem e para o mal. p. 73 e 77)

No caso de uma manifestação narcísea coletiva, esta se caracterizaria pela dependência emocional dos indivíduos em relação ao seu grupo, expressando comportamentos similares aos descritos no parágrafo anterior e que, são percebidos com relativa clareza nas declarações dadas pelos dirigentes dos partido palaciano nas últimas semanas e pelas lamúrias de seus súditos ideológicos esparramados pelo Brasil afora. Ou não?

Bem, que então se prove o contrário, para o bem geral da nação, apesar dos fatos apontarem para um caminho contrário a qualquer otimismo ufanista. Não? Então que se danem as cruezas dos fatos e viva as luzes publicitárias do Brasil, um país de quase todos e que, pelo menos diz, combater um determinado tipo de corrupção. Quero dizer, toda corrupção, pois quem corrompe em nome dos ideais socialistas de revolução tem cem anos de perdão.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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